sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Prova do dia #7 After flight

Mais um dia fantástico nas planícies molhadas da Hungria.  Tivemos muita sorte de conseguir voar no campeonato, pois 1 mês antes, a Hungria estava inundada com as piores chuvas dos ultimos 100 anos, amplamente divulgado na imprensa mundial.  Mas voltando a prova do dia, a previsão era ruim, base entre 800 a 1200m, com muita umidade no ar, sombreamento em várias regiões, foto de satélite animadora para ir ao cinema.  Mas como ninguém entende o cinema em Húngaro... e faltava apenas 1 dia para terminar o campeonato, resolveram que iríamos tentar voar.  

O autor deste blog e o mapa do campeonato

Briefing como de costuma começou as 10:00 pontualmente, premiação dos vencedores de 2 dias atrás, cada um ganha uma garrafa de pinga húngara (tá bom, ela se chama „Pálinka”).  E o meteorologista que a cada terceira palavara falava o „As you can see” no seu macarrônico ingles, porém bem mais compreenssível que o meteorologista da primeira semana, que não dava para entender absolutamente nada.
Recebemos 2 provas,  ambas  de velocidade em circuito fechado.  Uma de 420km e outra de 380km, algo não batia com a meteorologia.  Logo depois do Briefing anunciaram a prova „C” que não diminuia muito a distância. Confusão geral, Grid montada, ½ hora depois veio a prova „D” esta com 289km também em circuito fechado, pois a organização precisava atender ao número mínimo de provas desta modalidade, requisito do regulamento da FAI.  O tempo já bastante encoberto 7/8 de cumulus , mais cirrus e outras nuvens bagaceiras mesmo.  Tive a honra de ter minha posição mudada no grid, para o outro lado da classe 18m, e com isso bati papo com outros pilotos.  E mais algumas fotos de outros planadores.

Fui brindado na decolagem com o pior rebocador de todos, aliás eu digo que é um acidente esperando para acontecer, o ultraleve Dynamic WT, com seu pequeno ROTAX, deve ser ótimo para decolar planadores mais leves em pista de asfalto.  No meu caso, estava com 600kg, carga alar de 57kg/m2 numa horrível pista de grama, onde um piloto inclusive quebrou o plexi (capô) de tanto bater a cabeça na decolagem.  Decolagem muito marginal, tive que manter 2 dentes de Flap positivo, pois a 90km/h o avião estava voando e eu saltando como um canguru na pista, saltando e voltando para o chão.  Uma vez em vôo não foi tão ruim assim o reboque, levamos 4:30minutos para chegar a 600m, o ultraleve tem uma aerodinâmica muito boa.
Grrrrrrrrrrrrrrrrr foi esse que me levou para cima ... depois colocarei o video da decolagem

O posicionamento para largada foi uma batalha constante para não ficar baixo, cheguei a ficar a menos de 400m, mas consegui subir novamente e larguei na incrível altura de 950m acima do solo, era a altura da base das nuvens.  Muitos planadores tentando vários caminhos, já que haviam nuvens, fui ficando baixo e a 500m proximo ao ponto de virada tive que ciscar para achar algo, depois de perder uns preciosos 5 minutos ciscando e subindo pouco, vi um planador numa térmica decente, e fui para 1150m com média de 2.4m/s, mas se calcular o tempo perdido para achar a dita cuja... Foi a altura mais alta do dia.  Mas como tive que ainda ir beliscar o ponto de virada, perdi o bando de planadores. 

Campeonato mundial de remo em Szeged

Estava virando modulo de sobrevivência pois o tempo estava cada vez mais encoberto, joguei ½ do lastro para ter carga alar de 48kg/m2, e continuei navegando para o proximo ponto desviando para o lado do sol, não via mais planadores.  Rodava térmica cada vez que achava algo ao redor de 1m/s, voando entre 600 e 800m, após o ponto de virada começou a ficar complicado pois tinha que entrar na sombra.  A 330m peguei uma boa térmica de 1m/s e consegui voltar para a baseque estava a 930m, parecia tão alto que comecei a comer o lanche da tarde a bordo do ASG29E.  Consegui contato rádio com a equipe Brasil, e o Bassi me informou baseado no SPOT (que eu levo a bordo e emite sinal a cada 10min de onde stou) e no Yellow Brick (sistema de rastreamento em tempo real que poucos pilotos levam) estava perto do bando da frente.  Um pouco depois vi vários planadores girando mais baixo, ou seja aos poucos consegui recuperar o tempo perdido no início do voo.  Quando cheguei no bando grande a 500m, vi uns 25 planadores girando 0,3m/s, nada muito animador e a tradicional bagunça na térmica fraca.  Subimos juntos todos, mas meio tenso com o excesso de planadores.   Resolvi sair em frente, e esse foi o grande erro que me custou um grande número de pon tos, pois em vez de esperar o bando de planadores sair para ir junto, fui um pouco a frente um pouco mais baixo.  Fui ficando baixo, e liguei o motor, vendo os outros planadores subirem numa térmica mais a direita.  Foi um voo super interessante, e esse pequeno erro me custou muitos pontos , fiz apenas 600 !!!  No final apenas 2 dos 50 planadores chegaram com média de 70km/h. 

Moure e Bassi mostrando o "kit de pouso fora para Sérvia", se o carro atolar ... Mas no final foi o trator que resolveu o atoleiro, será que irão levar de lembrança para o Brasil ?

Sede do nosso bunker !

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