Outros dias em Salta Lake City (SLC)
A meteorologia não foi tão favorável nos outros dias, mas mesmo assim consegui voar todos os dias. As escolas começam a instrução as 7 da manhã na colina sul, além é claro dos pilotos que gostam de praticar pouso e decolagem, ou seja as 730 da manhã já um monte de gente no ar (isso que ainda é horário de verão !).
No segundo dia o vento estava bem forte para decolar, mesmo assim bastante gente voava. Muitos parapentes de velocidade (speed wings), que são perfeitos para brincar com vento forte. Vi muitas da marca Little Wing (Spiruline?), mas também várias outras, além das asas deltas, sempre presentes aqui nos EUA. Como o vento no topo estava impossível para mim, fui para o pouso novamente (de carro), e subi 1/3 do morro a pé mesmo. Já bem "aquecido" pela subida a pé, abri o parapente na parte mais alta onde os alunos treinam os primeiros, tipo morrinho. Decolei bem, mas não consegui ficar mais do que alguns minutos.
Futuro carro de resgate ???
Resolvi insistir, e subi novamente o mesmo caminho, desta vez ainda mais determinado ! Desta vez consegui ficar no lift, e aos poucos fui subindo o morro voando até chegar no topo dele, devo ter voado 1 hora, muitas vezes voando a menos de 1 metro da encosta do morro, que é totalmente aterrisável em toda sua extensão. Quando estava para encostar os pés no chão dava uma pequena freada e apontava um pouco para baixo, e assim fui praticando, pela primeira vez fiz este tipo de voo e achei muito bom para melhorar a pilotagem.
No terceiro dia de voo, o vento soprava ainda mais forte, em plena segunda feira, vi apenas 1/2 dúzia de asas e outro tanto de parapentes speed wings, apenas 2-3 parapentes de tamanho normal (como o meu). Conversando com outros pilotos, vi que dava para voar, então em vez de caminhar morro acima, resolver usar minha cabeça, e caminhei morro abaixo. Desci aproximadamente 1/3 dele, e tentei decolar, mas os galhos que prendiam nas "cordinhas" do parapente atrapalhavam, na terceira tentativa consegui por a vela para cima. Voando já na encosta, parecia um varal de galhos, vários deles pendurados, mas tudo voando bem, resolvi ignorar. Desta vez o lift estava mais "gordo" e subi bem acima do morro. Algumas vezes ia bem para frente, para perder sustentação, voltando em seguida para subir no zig zag da encosta.
Já cansado de comer a comida "junk" americana, sempre com molhos ou fritura que me fazem mal, descobri um supermercado meio delicatessen, com altíssima variedade de tudo, inúmeros queijos, frios, frutas e me esbaldei. Comprei uma caixa de sushi mesmo, além de frutas e outras iguarias, para almoçar as 11 da manhã, sentado no segundo andar, com acesso a wifi e comida decente. A região tem a famosa variedade americana de lojas espalhadas por todos os lados que sempre surpreende a brasileiros, ao mesmo tempo é um pouco mais do mesmo.
Fui visitar as lojas de parapente, em especial o representante da GIN, onde tinha a selete (cadeirinha de voo) que eu estava de olho. Testei ela sendo erguido por um guincho elétrico, para ficar com os pés fora do chão mesmo. Eles tem toda a linha GIN e algumas outras marcas. Depois de anotar os preços, resolvi ir embora e pensar um pouco sobre o assunto para não ser impulsivo.
Testando o novo brinquedo...
No ultimo dia em Utah, o vento ainda mais forte, desta vez não dava para decolar nem no meio da montanha, na verdade se eu tivesse chegado as 7 da manhã provavelmente teria voado, mas com a insônia que me assolou nestes ultimos dias, cheguei perto das 9 da manhã. Papeando com outros pilotos visitantes resolvermos passar no Harmons novamente, e almoçar por lá mesmo, desta vez um buffet de salada quase como os saudosos restaurantes por kg brasileiros. Aqui é fácil puxar um papo com o pessoal, os americanos são muito receptivos e o Brasil está sempre em alta. Aliás no voo livre, aqui nos EUA pelo menos, quase todos os pilotos de parapente já ouviram falar do Brasil, os mais experientes já foram para Valadares e outras rampas, e os menos sempre tem uma simpatia extra.
Neste dia o vento estava tão forte, que soquei o parapente no porta malas, para dobrar depois
Martelo batido, fiz um rolo danado, e troquei minha selete por uma melhor, porém igualmente pesada. Fui para o meu bunker, aluguei um quarto na casa do instrutor, arrumar as minhas coisas para a viagem do dia seguinte. Patrick costuma levar americanos para voar no Brasil, e se pressionado consegue falar um português "macarrônico".
Brincando com o vento forte (não sou eu)
No final da tarde fui para a decolagem Norte, o "Point of the Mountain" clássico, que fica a 2min de carro de onde eu estava hospedado. Comecei a praticar solo com a nova selete, o vento estava forte, mas não conseguia ficar com a vela na cabeça muito tempo, todas as vezes que olhava para cima, batia o capacete no cocoruto da selete, tentei várias vezes, e efetivamente perdi a confiança em inflar. Na hora pensei "que burrada devia ter ficado com a selete antiga", já estava arrependido. Resolvi descansar um pouco, e na volta, resolvi investigar um pouco. Tirei a mochila da vela de dentro da selete, e… mágica ! A parte de trás ficou mais mole, hummmmmm. Me amarrei novamente, o vento já estava bem calmo, via gente voando altooooooooo, inflei o parapente e NÃO BATI a cabeça !!! Fiquei feliz da vida, pratiquei mais um pouco e decolei com facilidade. O vento já havia diminuido, e por isso fiz o voo mais curto da viagem, tipo 3 minutos. Pousei feliz da vida e ainda consegui uma carona para a decolagem novamente na van de uma escola. Uma pena que levei tanto tempo para perceber que havia socado muita bagagem no pequeno porta malas da selete (em comparação a selete antiga que era enorme), o comandante da American Airlines, decolara 1/2 hora antes e fez um voo longo indo para o segundo estágio da montanha etc et alll !
E com as novas descobertas encerrei minha temporada de voo sem motor nos EUA.
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