VOANDO COMMMM E SEM MOTOR: Primeiro voo da viagem Europa 2015

Maio 26 de 2015

Quando acordei as 6 e pouco da manhã, vi pela janela que novamente o nevoeiro estava intenso. Avistava diretamente uma pista de grama, aviões estacionados ao ar livre e várias carretas de planador. Foi o local que escolhi para para dormir, queria estar cedo numa loja da Lafuma que estava com um bom desconto neste sábado, onde comprei cadeiras+mesa super leves além de algumas roupas de frio.

Aerodromo sem cerca sem nada... pista de grama bonita, e assim é o voo na Alemanha

Em seguida percorri os 20 e poucos quilômetros para o local decolagem, que nada mais que uma falésia com desnível de 300m em relação ao pouso. Estacionei a Kombi laranja onde os turistas deixam os carros para visitar a “Burgruine Hohenneufen” (ruinas do castelo de Hohen @(#$(%*) e para eu lembrar deste lindo e comprido nome ?? Sorte que todas as vias são muito bem sinalizadas, além de eu usar GPS senão seria complicado. Após comer um rápido lanche, coloquei 5 litros de água no lastro, improvisando com uma garrafa de plástico cortada como funil. Foi para a decolagem W, caminhando uns 10min, seguindo mais 2 pilotos.

Os automóveis da galera do voo livre por aqui...

O Primeiro voo

A rampa estava lotada de gente, segundo o Peter Näegelle isso não costumava ser comum nesta rampa, devia ter uns 30 pilotos pelo menos, além de 2/3 asas que chegaram empurrandas com uns carrinhos bem bolados. Decolando um de cada vez, rampa estreita, o pessoal foi saindo do chão. Eu resolvi ir num outro terreno checar minha vela que estava bem embaraçada (tentei voar em Garmish mas o vento estava forte depois fraco demais, só serviu para embaraçar tudo...).

Apesar de atrasar minha decolagem no fundo foi até bom, pois assim consegui diminuir um pouco minha “TPV “(tensão primeiro voo) que misturou o lugar novo, selete e velas novas. Decolei bem, já na primeira tentativa e, fiquei brincando um na frente da rampa, até achar uma térmica de 2,5m/s que me levou até os 1800m do nível do mar, que não podem ser “furados”. Com o vento forte acabei derivando um pouco para cima de uma pista de planadores.

Rampa W

Alguns pilotos voaram ao redor de 140km, foi um dia muito bom para o voo de distância. Quando tudo estava subindo com muita facilidade, resolvi pousar, pois algo não estava muito correto, dava impressão de mudança de meteorologia com as nuvens escuras que se aproximavam. Além disso estava com frio, sol mas apenas 17 graus na decolagem. Apesar de ter ido bem vestido, minhas mãos ficaram muito frias apesar das 2 luvas. Voei pela primeira vez com um capacete aberto, emprestado, parte debaixo do meu rosto bem fria também.

Fotos especial para os amigos de asa

A decolagem fica num grande platô, com pouso oficial lá embaixo, como vi alguns pousando ao lado do estacionamento dos carros, resolvi que iria pousar lá mesmo, pois estaria há apenas alguns passos do meu transporte. Mas o vento tinha aumentado, e senti bastante turbulência, ou seja rotor da ponta da montanha+das árvores próximas, pousei bem (de pé) mas tive que pilotar bastante. Na autocrítica, foi uma terrível idéia ter pousado na parte alta !!!

Espaço Aéreo

Estávamos a pouca distância do aeroporto de Stuttgart, por isso havia limitação de altura, que neste dia foi de 1800m, os pilotos tinham os rádios “abertos” na frequência de VHF de avião para escutar a gravação continua que alertava das limitações do dia. Em se tratando de Alemanha, todos obedecem as limitações, que no fundo acaba trazendo muito mais segurança e liberdade para todos os voadores. Aliás, aqui para um visitante é impossível voar sem um computador de voo que mostre com clareza as limitações de espaço aéreo, um dos motivos que não fui para o voo de distância.

Planadores

Vi 3 distintos clubes de planadores do ar, o mais próximo ficava a 2km da rampa de parapente, cada um voando no seu canto. Impressionou a quantidade de planadores voando localmente. Além disso era o ultimo dia da tradicional competição de Hahnveide, mas esse foram voar longe por isso não os avistei. Foi fantástico avistar a quantidade enorme de planadores, parapentes e aeronaves a motor (principalmente ultraleves) compartilhando o mesmo espaço aéreo, sem dificuldade alguma. Pena que no Brasil as autoridades teimam em fechar completamente os olhos as necessidades do aerodesporto, depois de tantos anos, esperando um acidente acontecer, para coibir mais ainda a atividade aérea esportiva.

A noite

Fui incluído na lista de WhatsUP em alemão do pessoal organizando o churrasco depois do voo. Eles tem uma “casinha” de madeira, que é a sede do clube, sem eletricidade, sem tranca, ou seja bem rustico mesmo. Cada um levou alguma coisa, e fui me entrosando com o pessoal. Talvez por ser um lugar menor, sem zilhões de turistas, me senti muito bem recebido. Papeamos bastante sobre tudo, peguei dicas de como me virar com minha casa sobre rodas. Umas 20 pessoas dormiram também na montanha, todos a bordo dos seus motorhomes, de diversos tamanhos e modelos.