A primeira Grande Gravata a gente nunca esquece...
Voando de parapente em Governador Valadares, Março de 2015, decolei cedo para a segunda prova, já que prefiro esperar em voo com o modo “ar condicionado on” do que na rampa com o stress da decolagem. Consegui subir bem após a saída do pico do Ibituruna, o que não foi verdade para 17 pilotos que acabaram pousando sem fazer distância alguma, tiveram o azar de decolar num ciclo ruim. E aqui, conversa de pescador não cola muito, pois chão é chão, claro que dá para florear um pouco, dizendo que o pouso era super difícil etc et all.
Larguei para a prova ligeiramente atrasado, mas ainda sim razoavelmente bem posicionado e com boa altura. Estava um dia mais clássico com térmicas de 2m/s e base a 1400m. Me mantendo próximo a base, larguei e fui pegando as térmicas a frente, usando os parapentes em volta como balizamento para o melhor caminho. Levei uma fechada de uns 20%, e até o Igor que estava próximo comentou pelo rádio “segura essa velaaaaa”. Um pouco mais a frente aconteceu...
Estava acelerado, provavelmente ao redor de 70%, e escutei um barulho forte da vela, e aí o parapente começou a girar, ou seja levei uma forte fechada assimétrica. Olhando para cima vi que a ponta da vela tinha entrado por dentro das linhas (Gravata), mas não foi só a ponta, foi um grande pedaço da vela. Consegui controlar o giro, após algumas voltas, e como estava bem alto tentei abrir a vela. Com calma procurei a linha do estabilizador, e puxei ela, nada... Ai comecei a recolher ela, nisso a vela entrou em giro novamente, havia soltado demais o freio do outro lado quando mexia no estabilizador, novamente controlado recomecei a recolher o estabilizador. Puxava e nada, recolhi mais ainda, e lá em cima tudo embaraçado. Puxando mais um pouco o pedaço de vela dentro das linhas saiu um pouco. No rádio escutei alguém me falando “reserva reserva reserva”, mas como ainda estava alto resolvi continuar tentando abrir a vela. Puxei mais um pouco e consegui finalmente tirar a gravata e sair voando novamente. Desci de 1400m para 800m do nível do mar (ou seja saí ainda a 500m do chão), claro que fiquei para trás pois os outros parapentes foram em frente, enquanto eu tinha minha pequena guerra particular. .
Foi um grande susto, pois nunca tinha tomado algo tão forte, por outro lado fiquei muito contente de ter conseguido tirar a gravata, e não ter jogado o paraquedas reserva. Pensei se não deveria ter feito um full stall, mas sinceramente na hora não me passou pela cabeça, estava convicto que iria resolver puxando a linha do estabilizador. Ficou a dúvida, talvez no full stall tivesse perdido menos altura., foram 2 minutos muito tensos no meu voo de hoje. Aí foi a prova clássica de recuperação pois perdi muita altura e principalmente tempo. Vento forte de frente e depois o trecho próximo o rio doce foram de especial dificuldade. Com bastante perseverança consegui tirar do chão várias vezes.
Girei baixo próximo do ultimo pilão, mesmo tendo ganho altura suficiente para um planeio razoável, saí fora do cone novamente. Fui muito por cima das montanhas, e depois tive que encarar o vento de través para bater o ultimo pilão antes do pouso na Feira da Paz. Cheguei baixo demais, e acabei pousando próximo da Feira da Paz, mas do outro do Rio Doce.
Muito feliz por ter me saído razoavelmente bem na recuperação da grande gravata. Essa vela é um grande aprendizado para mim, interessante que na Colombia não tive problema algum com ela, e aqui em GV... esse grande susto, já que foi a primeira grande gravata de parapente.
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