segunda-feira, 13 de junho de 2016

Àger - Espanha

E de volta ao velho continente, após cumprir vários compromissos de família, estava na hora de recomeçar a voar novamente.  Desta vez com muitas modificações, uma selete leve de viagem, Lightness2 do fabricante Suiço Advance, que já estava guardada na Alemanha, desde o ano passado. Tive de pegar um vela de tamanho menor já que todo o conjunto desceu de 23 para 13kg, então resolvi pegar uma vela Ikuma (EnB) da Niviuk para ter mais tranquilidade nos vôos na Áustria. 

Martin a bordo da possante vela GTO2 X-Alps esperando o vento amainar um pouco

Mas eis que assim que cheguei na Alemanha recebi a notícia que o grupo ao qual eu iria me juntar havia cancelado a viagem para lá devido a terrível meteorologia prognosticada para os Alpes.  E não deu outra, no mês de maio/junho intensas chuvas fustigaram toda a região com inundações inclusive nas partes mais planas da Alemanha.  Conversando com o Martin, vimos que na Espanha o tempo estava segurando melhor, então após algumas conversas, resolvi ir para lá passar os 5 dias de janela antes de ir para o Norte.   Passagem comprada pelo Eurowings, Stuttgart-Barcelona-Munique, a preço bem competitivo. Detalhe foi que tive que pagar em cada perna 50.- Euros a mais para despachar o parapente, considerado como equipamento de esporte.  

Eu me preparando para decolar

A alegria de chegar em Barcelona foi grande, um aeroporto gigantesco, muito maior que minha expectativa, e após alguns minutos já estava com a chave do meu carrinho Seat – Ibiza (marca da VW popular na Espanha).  O guia Xirli já estava me esperando no aeroporto, e fui seguindo ele para Àger, umas 2h de carro desde Barcelona.  Ótima estrada com asfalto bem cuidado conseguimos ir rapidamente até o destino.   Instalado numa pequena pousada em frente a escola Entrenuvols, estava pronto para iniciar os voos. 


E como foram os vôos ?  Bem, no primeiro dia fiz 2 voos curtos, fugindo das térmicas, estava ainda me acostumando com nova selete e a nova vela, no início estranhando bastante o novo conjunto , somado com alguns detalhes do passado que ainda me deixavam desconfortável.  O Martin chegou da Suiça e subiu para fazer o segundo voo.   Bastante vento em Àger nas decolagens, o que ajudou bastante na montanha, mas depois tive um pouco de dificuldades para enfrentar o vento, e não consegui chegar no pouso oficial da cidade, ficando numa plantação de trigo bem alta.   Apareceu o piloto Rodrigo do RS e sua namorada, que estavam passeando na região, e decolaram com um duplo, nos veremos em brevet em Jaraguá (GO). 

Cordilheira de Àger

Fui tirar uma siesta, e no final da tarde ao redor das 18:00 subimos novamente para fazer um lift de final de tarde, bem confortável.   Vale salientar o excelente menu do Xalets, comemos muito bem a preços bem razoáveis.

Bonito caminho para Organya


Já no segundo dia de vôo, ainda estava meio desconfortável, continuei num voo local.  A tarde resolvemos ir de carro até Organya, que é o paraíso dos acrobatas, e realmente, decolamos quase as 8 da noite, e tudo subia, ou seja restituição total naquele vale.  Deveria ter feito espirais e orelhas, mas fiz um voo mais tranquilo mesmo. 

Pousando em Organya quase de noite

No último dia de voo, no sábado, vários pilotos de Barcelona vieram passar o final de semana, e apesar de estar super nublado, subimos para a decolagem.  E aos poucos começou a abrir, acabou sendo o voo mais gostoso de todos, com nuvens altas diminuindo a força das térmicas, voei toda a cordilheira de Àger, e após hesitar bastante atravessei para o outro lado voando em cima de região sem pouso, porém apoiado na cordilheira.  Voo relativamente fácil, com o vento SW escorando bem nas montanhas e alguns térmicas pipocando também.  Tentei voltar para Áger, mas não conseguia vencer o contra vento, nessa hora já estava meio de W o vento.  Então o negócio foi continuar com vento lateral até onde desse.  Aproveitei pelo menos neste dia o resgateiro que havíamos contratado que é também um piloto de Sigma9 bem assíduo na região.  Não foi um voo de alta performance mas ajudou eu ficar mais confiante no equipamento que estou voando, em especial a selete que transmite bastante as turbulências para o corpo. 

Gostei muito de Àger, fica próximo a Barcelona, vale a pena para os pilotos brasileiros, a língua na região é o catalão mas todos falam espanhol também, algo fácil para nós no famoso Portunhol brasileiro.  Mas é importante arrumar algum esquema de resgate caso queira voar cross, pois ninguém dá carona, além do baixo movimento nas excelentes estradas.  Por outro lado, qualquer carro pequeno sobe a rampa pelo caminho 100% asfaltado, uma delícia.  Tanto térmicas no meio do dia como lift garantido no final da tarde fazem deste lugar um ótimo destino. 

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