E de volta ao velho continente, após cumprir vários compromissos de família, estava na hora de recomeçar a voar novamente. Desta vez com muitas modificações, uma selete leve de viagem, Lightness2 do fabricante Suiço Advance, que já estava guardada na Alemanha, desde o ano passado. Tive de pegar um vela de tamanho menor já que todo o conjunto desceu de 23 para 13kg, então resolvi pegar uma vela Ikuma (EnB) da Niviuk para ter mais tranquilidade nos vôos na Áustria.
Martin a bordo da possante vela GTO2 X-Alps esperando o vento amainar um pouco
Mas eis que assim que cheguei na Alemanha recebi a notícia que o grupo ao qual eu iria me juntar havia cancelado a viagem para lá devido a terrível meteorologia prognosticada para os Alpes. E não deu outra, no mês de maio/junho intensas chuvas fustigaram toda a região com inundações inclusive nas partes mais planas da Alemanha. Conversando com o Martin, vimos que na Espanha o tempo estava segurando melhor, então após algumas conversas, resolvi ir para lá passar os 5 dias de janela antes de ir para o Norte. Passagem comprada pelo Eurowings, Stuttgart-Barcelona-Munique, a preço bem competitivo. Detalhe foi que tive que pagar em cada perna 50.- Euros a mais para despachar o parapente, considerado como equipamento de esporte.
Eu me preparando para decolar
A alegria de chegar em Barcelona foi grande, um aeroporto gigantesco, muito maior que minha expectativa, e após alguns minutos já estava com a chave do meu carrinho Seat – Ibiza (marca da VW popular na Espanha). O guia Xirli já estava me esperando no aeroporto, e fui seguindo ele para Àger, umas 2h de carro desde Barcelona. Ótima estrada com asfalto bem cuidado conseguimos ir rapidamente até o destino. Instalado numa pequena pousada em frente a escola Entrenuvols, estava pronto para iniciar os voos.
E como foram os vôos ? Bem, no primeiro dia fiz 2 voos curtos, fugindo das térmicas, estava ainda me acostumando com nova selete e a nova vela, no início estranhando bastante o novo conjunto , somado com alguns detalhes do passado que ainda me deixavam desconfortável. O Martin chegou da Suiça e subiu para fazer o segundo voo. Bastante vento em Àger nas decolagens, o que ajudou bastante na montanha, mas depois tive um pouco de dificuldades para enfrentar o vento, e não consegui chegar no pouso oficial da cidade, ficando numa plantação de trigo bem alta. Apareceu o piloto Rodrigo do RS e sua namorada, que estavam passeando na região, e decolaram com um duplo, nos veremos em brevet em Jaraguá (GO).
Cordilheira de Àger
Fui tirar uma siesta, e no final da tarde ao redor das 18:00 subimos novamente para fazer um lift de final de tarde, bem confortável. Vale salientar o excelente menu do Xalets, comemos muito bem a preços bem razoáveis.
Bonito caminho para Organya
Já no segundo dia de vôo, ainda estava meio desconfortável, continuei num voo local. A tarde resolvemos ir de carro até Organya, que é o paraíso dos acrobatas, e realmente, decolamos quase as 8 da noite, e tudo subia, ou seja restituição total naquele vale. Deveria ter feito espirais e orelhas, mas fiz um voo mais tranquilo mesmo.
Pousando em Organya quase de noite
No último dia de voo, no sábado, vários pilotos de Barcelona vieram passar o final de semana, e apesar de estar super nublado, subimos para a decolagem. E aos poucos começou a abrir, acabou sendo o voo mais gostoso de todos, com nuvens altas diminuindo a força das térmicas, voei toda a cordilheira de Àger, e após hesitar bastante atravessei para o outro lado voando em cima de região sem pouso, porém apoiado na cordilheira. Voo relativamente fácil, com o vento SW escorando bem nas montanhas e alguns térmicas pipocando também. Tentei voltar para Áger, mas não conseguia vencer o contra vento, nessa hora já estava meio de W o vento. Então o negócio foi continuar com vento lateral até onde desse. Aproveitei pelo menos neste dia o resgateiro que havíamos contratado que é também um piloto de Sigma9 bem assíduo na região. Não foi um voo de alta performance mas ajudou eu ficar mais confiante no equipamento que estou voando, em especial a selete que transmite bastante as turbulências para o corpo.
Gostei muito de Àger, fica próximo a Barcelona, vale a pena para os pilotos brasileiros, a língua na região é o catalão mas todos falam espanhol também, algo fácil para nós no famoso Portunhol brasileiro. Mas é importante arrumar algum esquema de resgate caso queira voar cross, pois ninguém dá carona, além do baixo movimento nas excelentes estradas. Por outro lado, qualquer carro pequeno sobe a rampa pelo caminho 100% asfaltado, uma delícia. Tanto térmicas no meio do dia como lift garantido no final da tarde fazem deste lugar um ótimo destino.
Nenhum comentário:
Postar um comentário