Ultimos 2 voos.
Prova marcada 160km, fiquei pensando puxa
que bacana, finalmente uma prova uma pouco mais longa. Prova marcada, todos felizes afinal não é
sempre que marcam este tipo de distância em campeonatos de parapente. Na verdade a previsão era de vento um pouco
mais forte, e seria impossível fazer uma prova no estilo tradicional ou seja ir
contra vento. Janela de decolagem foi
aberta 1h30 antes do início da prova, e sem muito stress todos foram
decolando. Tivemos que ir “escalando”
nas térmicas cordilheira acima. A
largada estava bem distante, e custava um pouco para subir. Subindo aos poucos a montanha, pegando cada
vez uma térmica mais para cima, fui tentando me posicionar bem. Tivemos que voar ao longo da cordilheira com
vento de lado, ou seja a prova havia começado antes mesmo do “start”.
Almoçando por 7 euros, no dia que não deu com o amigo Pavel
Os grupos foram se dividindo aos poucos,
aqui não sei quem é quem, então fui seguindo meu instinto mesmo. Mesmo após a janela da prova (partida) estar
aberta, continuei voando por mais alguns quilômetros na cordilheira. Quando já não subia tanto, atravessei para o
vale, claro que com 1 dúzia de parapentes por perto. Aí foi um longo planeio pelo vale da história
cidade de Ávila. Apenas escolhendo o
melhor linha para não afundar demais.
Após o fundo do vale começava a elevação do terreno, que deveriam
disparar as próximas térmicas. Vi
alguns pousando nesse caminho, pois pegaram uma linha de descendentes. Já do outro lado, a direita de Ávila, achamos
algumas bolhas que subiam um pouco.
Enquanto isso o grupo que vinha pela esquerda conseguia subir bem, mas
estava distantes alguns quilômetros.
Térmica fraca incialmente com bastante deriva fomos subindo, livrando a
possibilidade do pouso precoce.
Avistando Ávila e os “molinos de viento” de geração de eletricidade
estava difícil concentrar, mas a turbulência começava a aumentar e aí
concentração total...
Numa prova com esta distância é natural que
haja grande dispersão de pilotos, com nunca voei na região fui na rota
mesmo. A boa surpresa foram as nuvens no
horizonte ajudando a sinalizar o melhor caminho já que elas indicam o local das
térmicas. As fracas térmicas começaram
a ficar fortes, de 4 a 6m/s constante.
Subia apenas a 2500m, pois o limite de altura era 3000m. Aliás bastante discussão no briefing por
parte da organização sobre como aplicar penalidade, pois havia conflito entre o
regulamento local e da Federação Espanhola.
No final decidiram que o piloto poderia varar 1 vez os 3000m adotando o
mesmo procedimento do voo em nuvens, ou seja voltar para trás, descer,
demonstrando claramente que não tinha intenção de tirar vantagem
competitiva. Nesta região as térmicas
são fortes, e mesmo saindo a 2500m das térmicas várias vezes eu subia a
2800/2900m mesmo sem querer, acelerando e talz.
Apesar do dia forte, tínhamos o problema de
algumas vezes ficarmos abaixo dos 1500m, quando as térmicas não funcionavam bem
devido ao vento de 30km/h que ia desorganizando as térmicas a baixa
altura. Então foi o voo de cuidar para
não passar de 2500m e não baixar a menos de 1500m, pelo menos para mim. Regiões bem distintas durante o voo, de
florestas com muitas árvores a culturas agrícolas, e claro os vilarejos com
seus castelos e “plaza de toros”. No
final do vôo ao redor das 17:00 tudo subia, eu já estava a 2200m, quando voando
reto e um pouco acelerado (estava turbulento) tudo começou a subir e
subir. Já havia visto pilotos a minha esquerda claramente acima do espaço
aéreo autorizado, fazendo espiral para descer, etc etc... Mas eu tinha desviado
dessas nuvens, mesmo assim acabei indo a 3030 metros. Aí virei 150 graus para a direita até
conseguir descer a 2800m, demonstrando a intenção clara de não ter
vantagem. Mas nessa perdi umas 4-5
posições na prova, não teve jeito.
Voltando do longo resgate, escurecendo após as 21h
Foi uma prova muito diferente, no começo a
tática do Start, muitos levaram bastante tempo para conseguir saltar a
cordilheira, outros tiveram problemas no vale de Ávila. Sem contar dos 25 pilotos que tiveram zero
pontos por ultrapassarem o teto máximo mais de uma vez. Para mim ainda falta acelerar 100% na
turbulência, isso ainda não consigo fazer.
No goal o pouso foi um pouco difícil, errei
um pouco e minha vela caiu perigosamente perto de uma placa de metal, poderia
ter danificado. Ao redor da ½ dos
pilotos conseguiram completar o percurso.
Se tivessem marcado uma prova de 200km todos teriam chegado também, pois
o dia continuou forte por mais 2/3 horas.
Completei a prova em 3h16min , em #16 posição, 13 minutos atrás do
vencedor ou seja velocidade média alta.
Já o resgate foi bem complicado, o primeiro ônibus levou 2 horas para
chegar e não consegui entrar nele, lotou.
O segundo chegou as 9 da noite, paramos no caminho para jantar, e as 2
da manhã do dia seguinte estávamos entrando em Pedro Bernardo.
Ultima prova
Na sexta feira fomos para a rampa ainda com
a esperança de fazer uma prova, mas o vento msmo de manhã cedo estava forte
demais, resultado prova cancelada.
Muitos pilotos começaram a ir embora porque
a previsão não estava boa para o sábado.
Íamos visitar a cidade de Ávila, mas não deu aproveitei para tirar uma
siesta espanhola pois tinha dormido apenas 4 horas na noite anterior. Ahh faltou mencionar que negociamos a compra
de um Zeno semi nova para o Alexandre do RJ que também voava de Triton.
No dia seguinte já estava com as malas
prontas para ir embora, café da manhã relax no hotel El Cerro, mas eis que no
whatsup do campeonato vem a mensagem que os ônibus iriam subir as 10:15. Correria para aprontar tudo, cheguei atrasado
na rampa, o briefing já iniciando, bem mais cedo que o normal. Com a explicação que a previsão tinha
adiantado, e seria possível decolar se saíssemos cedo. Marcaram uma prova para evitar que os pilotos
ficassem nas montanhas onde com o aumento do vento teríamos muita
turbulência. Eis que na decolagem o
problema foi justamente o oposto, vento por vários momentos fraco demais. Tive uns contratempos e quase o último a
“pular” da montanha. Mas não havia
perdido muita coisa, pois ninguém consegui subir, ainda estava muito cedo as
térmicas ainda não estavam maduras.
Aos poucos fomos todos nos arrastando para
a partida sem passar de 1500m, nossa que diferença dos dias anteriores. Aliás
larguei muito tempo depois da abertura da faixa. Claro que alguns apressadinhos foram em
frente, mas era um dia totalmente diferente dos outros, era necessário cautela
para não ir para o chão cedo demais.
Menos da metade dos 148 participantes havia decolado, mas mesmo assim
com 70 parapentes espalhados, alguém sempre achava alguma térmica. O problema que o vento começou a apertar
novamente, GPS mostrando 30km/h, então as térmicas davam um pouco de trabalho
mesmo.
Tentei fazer caminhos diferentes, mas o dia
estava azul e minhas tentativas de livrar do grupo não deram muito certo. A prova de zig-zag com vento lateral mostrou
ser totalmente acertada, achei até um pouco no limite, pois imagino o pouso nos
pequenos campos que atravessamos no início do vôo com esta ventania. Tivemos que ir com cuidado até a penúltima
térmica. Aí tudo estourou, foi ficando
cada vez melhor a meteorologia. No goal eu
ficava parado no ar, as vezes voando um pouco para trás. As térmicas nos faziam subir, mesmo sem
querer, tinha que caçar uma boa descendente para conseguir pousar. Escolhi um campo bem aberto próximo ao
aeroclube local. Pois era super
importante não ter nada a frente que pudesse gerar turbulência próximo do chão
(como árvores ou edificações) e nada atrás, no caso de ser arrastado ou até
mesmo voar para trás, ambas situações que de fato ocorreram. Ainda bem que estava com calça comprida,
senão ia ficar completamente ralado...
Encerrei bem a temporada de 2 semanas
voadoras na península ibérica, apesar da terrível onda de calor, acima de 40
graus rotineiramente, tive a oportunidade de saborear os ares de Castelo de
Vide e de Pedro Bernardo. Nesta prova
fiquei em #10, finalizando o Campeonato Espanhol em #14. Ahhh o Martin neste dia ficou em #4
melhorando bastante sua colocação final.
Eu fiquei surpreso já que foram literalmente os primeiros da nova vela
de 2 linhas que comecei voar em Portugal, categoria acima da classe Sport que
eu voava antes. Ainda falta um pouco de
segurança para voar mais acelerado especialmente no tempo um pouco mais
turbulento gerado principalmente pelas térmicas no azul. Mas me senti bem com esta nova vela, apesar
de todo receio (medo mesmo hahahaha) inicial que tinha por se tratar de 2
linhas. Tive apenas uma fechada maior,
de uns 40% mas que abriu facilmente.
Só assim para eu voar em Quixadá !!!!