segunda-feira, 28 de outubro de 2013

PWC India 2013 Provas 1 / 2 (cancelada)

PWC – India 2013

Como todo bom campeonato não faz acordo com São Pedro, no dia de treino a rampa ficou com tempo ruim, pela primeira vez descemos de carro em vez de voar, muita gente decolou, mas tiveram que voar alguns minutos nas nuvens, e não achamos prudente fazer isso.  Um piloto da Venezuela contou que o voo dele foi um show de horror, pois começou a subir no meio das nuvens, ficou desorientado, molhou-se todo, disse que foi o pior voo da vida dele, também com as “pequenas” montanhas ao redor eu também não me sentiria confortável.

Primeiro dia de prova
Foi cancelada a prova devido a um super desenvolvimento de nuvens, indicando tempestado,  no “big face” mas nós decolamos mesmo assim.  Acabei voando toda a prova, sem maiores problemas, acredito que foi um pouco prematura a decisão do cancelamento, mas o peso para organização aqui é grande, muito governo, muitos militares, enfim querem que tudo de certo.

Segundo dia de prova
Neste dia conseguimos voar, muita nebulosidade já na saída, foi um festival de pilotos entrando nas nuvens, apesar de ser proibido.  Depois viemos a subir que o piloto vencedor da classe C foi reportado informalmente de ter entrado várias vezes nas nuvens, como ele ganhou a prova ficaram no pé dele, mas ninguém preenchou reclamação formal.  Eu consegui subir rapidamente após a demorada decolagem, e quando estava próxima a base disforme, foi aberta a janela da largada.  Vi um mundo de parapentes indo para a prova, e não tinha muita idéia de quem eram os pilotos, resolvi esperar 1-2 minutos o bandão principal sair, e depois segui também o caminho para o primeiro pilão (ponto de virada).   Um festival colorido no céu, todo seguindo uns aos outros foi uma largada fácil.  Notei que muita gente girava térmica sem ter necessidade, ou mesmo subindo pouco, afinal poucos gostam de voar próximo ao terreno das montanhas, mas com isso perdiam muito tempo. 

Evitando paradas fui devagarzinho passando várias velas, partindo da idéia que estavam no campeonato, pois muitos pilotos (acima de 50) voam aqui como “free flyers”.  Me mantive na parte alta da montanha, mas tomando o cuidado para não ser sugado pelas nuvens, estava voando em terreno conhecido, pois chegamos aqui quase 1 semana antes do evento, e voamos vários dias com um meteorologia razoável.   Um pouco turbulento sim, derrepente escutei uma pilota das árvores pelo rádio, mas estava tudo bem.  No caminho para o 3ro pilão, que ficava no vale, adotei uma tática um pouco diferente, da maioria, e me dei bem, evitei de fazer o zig zag e sim fui direto para o ponto e após o bloqueio, continuei na rota, em vez de voltar para montanha.  A sorte foi que consegui pegar uma boa térmica no meio do vale, e depois já na encosta da montanha outra muito boa.  O piloto que voava próximo começou a gritar pra mim de felicidade quando conseguimos subir a 2,7m/s tendo adotado esta rota um pouco menos convencional, o resultado foi que passei um monte de Icepeak3s que são velas bem mais avançadas que a minha, mas no retorno do ultimo ponto o contravento foi difícil. Comecei a ser ultrapassado por dezenas de velas, mesmo voando numa linha de sustentação um pouco melhor foi difícil, parecia que estava remando contra a correnteza.  Mas aos poucos fui evoluindo, e cheguei no goal da prova, com 400m de reserva o que é muito.  Tudo subia próximo ao pouso, tive que me esforçar para evitar as bolhas e pousar direito.  Para mim foi um ótimo resultado 5 lugar com o Chili3 (En-B) entre cerca de 50 velas da classe sport, a maioria En-C.


 Médico Ayuvedico que nos atendeu será que a receita dele funcionará ? 

 Não dá para ler... mas o visual já mostra o que devemos comer !

Prova 3
O dia começara bonito, mas rapidamente a umidade começou a encobrir a montanha.  Após muitos debates, resolveram que nossa prova seria de tempo individual, ou seja cada um poderia partir a qualquer hora para completar o circuito.  A rampa estava com nuvens, mas dava para ver o solo, achei meio estranho deixarem tanta gente decolar com faca nos dentes nessas condições.  Todos decolaram o mais rápido possível, e eu com minha super velocidade de ficar pronto, demorei um pouco mais.  Mas mesmo assim tinha bastante gente em volta, com a base baixa foi decolar e praticamente sair para a prova.  Com o aumento da instabilidade próximo ao Big Face, raios e trovões começaram e ser reportados na frequência de segurança.  Muitos pilotos informando que era Nível 3, ou seja condições perigosas para o voo, e a organização levou muito tempo para cancelar a prova.

Eu resolvi desviar da parte muito escura, e fui para o vale, mas as térmicas estavam muito fracas, e aos poucos fui ficando próximo do chão.  Vi um arrozal enorme, plantado em forma de prateleiras (como tudo aqui), e acertei bem o pouso, o parapente ficou dois andares para cima e eu pousei de pé.  Tem que acertar bem o pouso pois cada “degrau” das plantações tem aproximadamente 0,50metro de altura para o próximo degrau, tudo feito com muretas de pedra.  O resgate oficial junto com a criançada chegaram 1 min depois ao meu lado, já estavam me observando voando baixo, pois eu tentei subir até o ultimo instante nas pequenas bolhas de ar quente.  Ao meu lado alguns minutos depois pousou um americano de Seattle.  O dia para mim foi bem turbulento, o piloto Siberiano que estava no resgate me contou que havia levado uma fechada de assimétrica de 60-70% entrou em giro e abriu poucos metros acima das árvores...

Tive uma boa surpresa, um dos garotos falava um ótimo inglês, ele tem o privilégio de estudar numa escola cristã, onde as aulas são dadas em inglês, filho de comerciante, deve ser de casta mais alta, do que as outras crianças.  A volta do resgate foi numa pequena estrada cercada de árvores, região muito bonita.


No jantar tivemos os russos que ajudaram no conserto da vela, e foi uma conversa bem bagunçada, pois falavam pouco inglês.  O russo é voador dos XAlps, e contou algumas histórias interessantes, via tradução pois fala muito pouco inglês.  Sugeriu que ao invés de irmos a Manali, talvez ficar mais próximo até um reservatório, uns 20km fora para trás, pousar num platô a 4200m.  A base tem que estar bem alta, pois temos de voar com montanhas de 4000/5000m, e o sistema de vento dos vales pode complicar bastante o voo, além de alguns vales não terem estradas ou população.  Além disso a volta por terra é enrolada, de ônibus leva 10 horas para voltar a Bir, e em linha reta são aproximadamente 50km, mas tem boa volta a dar pelas estradas complicadas do interior da India.

Recepção no pouso na plantação de arroz 


 Relevo bem acidentado, pousei no lado esquerdo
 Visual comum, mulheres carregando alimento para alimentar o gado leiteiro no inverno

 Onde pousei ! Plantação de arroz em prateleiras, o terreno mais plano disponível

Acho que os pintores renascentistas se basearam nessa paisagem para pintar os quadros 

E de volta no QG do campeonato a propaganda da cementeira local

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