quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Ultima Prova e reflexões dos voos em Bir

Ultima Prova

Subimos novamente super cedo, estava meio preocupado com qual rampa iria usar para decolar, pois no dia anterior, fui o ultimo que conseguiu decolar debaixo, e mesmo assim foi alpina, levei um pequeno “front” na corrida mas a vela se acertou.  Não queria isso novamente, fomos para a rampa SE, e no final o vento se mostrou constante para esse lado.  Meteoro havia avisado que uma alta pressão tinha limpado um pouco o ar, realmente não havia inversão nos vales, baixado a umidade mas as térmicas seriam mais fracas.  
Na largada vi parapentes a 4000m, bem altos.  Foi a primeira ½ dúzia de pilotos que havia decolado na abertura da janela (horário de decolagem), eles foram para as montanhas mais altas e conseguiram romper a inversão, e com isso uma grande vantagem vs os outros voadores.  Eu consegui subir a 3200m, o que já era muito bom, e atrasei um pouco para largada.  Ainda era um pouco cedo, na minha frente cerca de 2/3 dos parapentes mostrando que o ar ainda estava muito calmo no vale, fui voando atrás observando as térmicas na minha frente, apenas observando os outros.  O dia seria totalmente azul, então sem nuvens para balizar o caminho.  Desviei bastante para o lado montanhoso, pois sempre as térmicas começam a pipocar na elevação do terreno.  Deu certo a idéia, apesar do caminho maior, pois na segunda térmica já tinha passado um monte de gente.  Mas depois comecei a desprezar as mais fracas e fui parar no lift das montanhas.  Voei muito tempo no lift, ondulando conforme o terreno, pois não achava uma térmica forte para voltar para o topo do céu.   Na alta montanha foi interessante voar perto das florestas e pedras, mas não fui muito rápido.  Vi uma vela Delta 2 um pouco a frente, o que me deu um pouco de tranquilidade que dava para passar os braços de montanha a minha frente.  Um pouco antes do pilão, agarrei um térmica de 2,5m/s que me levou de volta a 3200m, aí o voo começou a ficar um pouco mais tranquilo. 

O caminho da volta tinha um ponto no meio do vale, subi o que deu antes, e fui para um quase planeio final, na volta para a base da montanha tinha uma ½ dúzia de velas, entre elas o Adnar com seu colorido Peak3 numa térmica muito fraca, entretanto assi que cheguei neles, tudo começou a melhorar e com uma média de 2m/s conseguimos sair quase do chão (roubada).  Entre Mantras, Peaks e Boom9 fomos em frente para o ultimo pilão.  Comecei o planeio final com -100m, e fui ganhando no caminho, as depois perdi altura novamente.  Girei um pouco no final, e cheguei novamente a 300m no goal.   

Uma das lições deste campeonato é aprender a confiar mais no computador de planeio final, esclarecer algumas duvidas de como ele calcula o planeio, e não por tanta reserva assim, pois se contar os 4 goals, sempre acima de 300m, são vários minutos desperdiçados que eu poderia estar uma posição a frente na colocaçãoo final. 

Ainda sobre o campeonato fiquei feliz com minha 5a colocação que foi inesperada.  Nunca havia voado numa região tão montanhosa de parapente, acredito que os 6 voos que fiz antes do evento competitivo foram fundamentais para eu entender um pouco de como funciona o relevo local, gatilhos de térmicas, ventos etc...  Enfim volto pra casa bem feliz. 

Bir-Billing é muito bom para voar, condição bem confiável tivemos mais de 80% de aproveitamento dos dias que ficamos aqui em condição relativamente tranquila, ou seja térmicas não muito fortes, vento fraco a moderado, nada complicado.   Mesmo os rotores no sotavento do braços das montanhas não gerava muita turbulência. Lógico que adaptar-se ao voo de montanha é fundamental para voar aqui, pois voamos bastante próximo ao terreno, diferente do voo puramente térmico mais comuns no Brasil.  Foram 12 dias de voo, com 38 horas voadas entre os voos livres e de competição.  Região é belíssima para voar, mas requer alguns preparos adicionais.  Alguns pilotos que conversei levam corda para descer das árvores no caso de um pouso nelas, a cobertura vegetal aqui é grande, e aprender como descer sozinho acho muito importante.  Voei com luvas de esqui que me protegeram muito bem do frio, este ano a base não foi muito alta, ao redor de 3300m, para voar mais alto um pouco mais de roupa é necessário.   Levar o SPOT e celular com chip local também são boas providências, a cobertura de celular na “parte da frente” é muito boa.


Não houve acidente grave durante o campeonato, o pior foi uma decolagem que não deu certo, e o piloto Inglês quebrou o pé.   Alguns reservas foram lançados, por pilotos que não recuperaram de front stall , gravata (Enzo), mas todos aterrissaram bem.   Porém durante nossa estadia muito acidentes graves ocorreram com os “free flyers” , desde colisão em voo e 2 pilotos, com reservas, e o piloto se machucou ao tentar descer da árvore, até o piloto holandês que passou a noite pendurado na selete em posição bem ruim sofrendo com temperatura sub zero, pois o helicóptero tinha ido resgatar um outro acidentado um russo que teve um acidente grave também e conseguiu passar as coordenadas antes.  Além de outros problemas que ocorreram durante a semana, é verdade que a média deve ser de 150 pilotos voando todos os dias, com vários graus de habilidade.  Muitas nacionalidades presentes, em especial os russos, da Sibéria ao Kazaquistão !!!  Além de Japoneses, alemães, franceses, etc...   

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