terça-feira, 29 de junho de 2010

FORMOSA EM JUNHO

Final de semana fantástico em Formosa, considerando que os voos foram feitos 1 semana após o início do inverno.  Mais de 1000km em apenas 3 dias, com meteorologia bastante diversa.

As fotos dizem muita coisa !

Ahh o pouso fora do ASH25 com motor, foi no início de junho, durante o feriado, quem falou que o motoplanador não pousa fora ? Apenas mais um, portanto amigos com motores nas costas, segue a máxima, de quando em vez o motor não pega, tem que ter alternativa boa de pouso. Neste caso o Guiu pousou num excelente arado, perto da sede da fazenda, da estrada de asfalto, resgate foi sossegadíssimo.



                    Ultima foto, Cláudio Blois posando na frente do seu possante Lak17

Aqui vai abaixo o texto do Blois, e meus comentários no final, do ultimo vôo antes de voltar a SP.

Pessoal,



Domingo foi mais um ótimo treino para nós. Eu e o Thomas chegamos cedo ao aeroclube e, depois de cogitar uma ida e volta pro sertão da Bahia, decidimos - por proposta do Thomas -  marcar um triângulo FAI, então marcamos um de 416 km: Formosa, Cristalina, Renascença, Formosa.



O céu foi ficando maravilhoso e demos saída juntos às 12:10 a 1500m. O vôo começou ótimo, com térmicas fortes, boas sequências de nuvens, isso até pouco mais da metade da primeira perna, quando o céu passou a ficar bem ralo, com poucas nuvens bem formadas e alguns fiapos esparsos. Daí o Thomas, que estava um pouco atrás informou que estava girando 2,5 e eu no momento estava baixo até que fiquei realmente baixo e tive que aceitar uma termiquinha fraca. Nos separamos e depois eu passei a ver o Thomas de vez em quando girando lá na frente e mais alto. Quando chegamos em Cristalina ele pegou uma térmica boa que o levou uns 2 km além do ponto e, quando eu estva a uns 3 km do ponto, nos cruzamos, ele ainda mais alto, apesar de ter ido bem além do ponto.



A segunda perna, contra o vento, era praticamente só azul, mas íamos conseguindo bons trechos de sustentação, até que, mais uma vez eu fiquei baixo, desta vez a 400m, mas peguei uma térmica que foi melhorando e subi bastante, sem dar bola pro vento de frente, porque precisava passar a voar mais alto. Diminui o anel, passei a voar mais conservativo e fui me aproximando do final do platô, antes do vale de Unaí. Daí o Thomas me disse que estava muito baixo na borda do vale. Logo depois o ví, parecia que estava colado no chão. Conforme ele subia fui me aproximando, de forma que nos encontramos de novo, com pequena diferença de altura entre nós.



Na vertical de Unai estávamos praticamente juntos, eu cerca de 100m mais alto. Começamos a olhar pro relógio e decidimos que, quando desse 15 horas, tomaríamos o rumo de casa. Fiz uns cálculos e propus mudar o ponto Renascença para Jacurutu - na nossa proa, no platô, perto da borda do vale - e aconteceu como esparado.Às 15 horas estávamos virando o ponto, a 112 km de Formosa.



O vento não era de cauda, mas tinha um pequeno componente de cauda. Fomos nos arrastando por baixo dos pequenos fiapos que se formavam de vez em quando e, já mais próximos da borda do vale do Urucuia dava pra ver que ali haviam umas formações boas de cumulus, então o negócio era tentar chegar lá o mais rápido possível, mas a uma altura suficiente pra poder conectar com uma das térmicas por ali. Cheguei a 500m, achei coisa fraca e fiquei girando pra checar melhor a situação. Thomas chegou praticamente junto comigo só que uns 150m mais baixo. Como não se subia praticamente nada, depois de umas 3 ou 4 voltas falei: guenta aí que eu vou experimentar mais pra dentro do vale. Qq coisa te chamo. Saí pra além da borda e encontrei. Ao completar meia volta pude confirmar: "aqui deu!". Comecei a subir bem mas o Thomas falou: não tenho altura pra chegar aí. Depois de mais umas voltas ele diz: "o motor não quer sair, vou pousar".



Em poucos segundos vi o nosso fim-de-semana se transformar num perrengue monumental. Procurei a estrada, o caminho pro resgate. O asfalto que segue de Cabeceiras e passa na fazenda do Egon estava logo ali a um km de distância do arado, tuto bem. Mais um longo minuto e o Thomas informa: "o motor pegou". Ufa! que alívio!



Bom, o Thomas poderá repassar aos demais tudo o que deve ter passado pela cabeça dele naqueles momentos. Imagino que na hora, nada, só pensava em fazer a coisa certa. Mas depois...



Com mais altura e depois de definida a situação do Thomas, pude procurar de novo a térmica, e achei. Subi até pertinho da base mas ainda me faltavam 500m pra entrar no planeio. Ainda restavam duas nuvens com cara de que poderiam funcionar ali pelo través de Cabeceiras. A primeira não deu bem, fui na segunda e funcionou. Estava com anel em 1,4 e estava girando a exatos 1,4. Quando consegui uma folga de 70m além dos 200 de margem, saí. "Estou em casa" pensei. Ledo engano. Cruzando os arados do caminho eram muito mais descendente do que ascendentes. Ao chegar próximo do fim dos arados eu estava no vermelho com 120 metros negativos. Nem pensar em ir pra cima da cidade desse jeito. Decidi cruzar o cerrado pra tentar encontrar algo por ali, com a opção dos arados após cruzar a estrada. Logo que cheguei em cima do cerrado encontrei uma termiquinha que me colocou de novo com uma folga de 50m.



Bom, agora tenho 250m de folga pra cruzar a cidade sem riscos. E assim foi, consegui completar um vôo que foi um dos melhores treinos ultimamente.



No solo, encontrei um Thomas feliz, satisfeito com o vôo e pelo fato de estar "em casa" com tempo de guardar o planador e tomar o avião que já tinha até o check-in feito.



Aos que tiveram paciência de ler, me desculpem pela extensão do relato. É que os vôos mais difícieis são muito gratificantes. Os fáceis também. Ou seja, não existe nada melhor que voar (vestido, é claro!).



Thomas,

Aguardamos seu depoimento e/ou correções ao meu texto. Meu resumo é: depois de quase um mês de tempo azul e fraco, tivemos dois dias memoráveis, no auge do nosso inverno.


Abraços,
Blois