quarta-feira, 29 de junho de 2016

Campeonato Português - Provas 2 & 3

Prova 2
Desta vez fomos para a decolagem clássica, lado sul, olhando para Portugal e não para Espanha.  Novamente o vento estava um pouco forte, céu azul muito bonito, fizeram uma prova um pouco mais ousada 37km, com 8 pontos, ou seja um zig-zag danado.  Janela aberta, pessoal decolando e eis que muitos pilotos não conseguiam passar da altura da rampa.  Novamente estava difícil, e eu esperei para decolar pois tinha alguma esperança de melhora das condições.  Desta vez com muita paciência fiquei rodando as bolhas, e larguei para o primeiro pilão com muita cautela, poucos subiam bem a frente, e com muita paciência, voando entre 100 e 400 metros do topo da montanha, que é mais um platô bem largo fui chegando no ponto.  

Quem vai ?

A volta para o start na mesma cordilheira foi mais enrolada ainda, com muitos pilotos pousando e claro que o primeiro pelotão com suas máquinas de 2 linhas já bem a frente.  Fui batalhando bem, entrei no segundo ponto, e depois proa sul para a planície.  Tinha várias velas a minha volta, mas ninguém subia direito.  E foi praticamente um planeio com bolhas no meio do caminho até o chão. 

Entrega dos trackers e leitura dos voos

Serviu de consolo que apenas 7 chegaram no “golo” e desta vez a Japonesa levou o primeiro lugar, podem acompanhar os detalhes no blog dela http://asagirianiki.blog.fc2.com/blog-entry-182.html .  

Resgate impecável super veloz, como de praxe neste evento

Nem só de vôo ...

Prova 3
Prometiam que seria um dia muito melhor, proa marcada com vento de cauda para Mirandela a 62km da decolagem.  No Briefing explicaram que no início a base seria mais baixa, mas próximo a Chaves subiria para 3000m, e teríamos de ser cuidadosos para não passar o limite de 2.750m de altura válido para todo o território Português.  Todo espaço aéreo acima do FL095 neste país é controlado, já começo a entender um pouco nossa “herança portuguesa” na gestão restritiva do espaço aéreo brasileiro.   Antes de decolar dei uma cochilada, pois ficamos bastante tempo esperando debaixo da sombra das árvores.  No início os primeiros subiram melhor, uns 300m acima da rampa, mas depois todos começaram a ter dificuldades.  Lá fui eu pra nova merrecada, após a decolagem vi que meu tirante esquerdo estava torcido, mas com a vela Ikuma En-B isso não foi muito problema, além disso o “pod” da delete estava para dentro, enfim essa cochilada pré decolagem não me fez muito bem não… 

Pensei em pousar na rampa, mas o vento tinha aumentado novamente, e estava tudo bem, fiquei na térmica junto com mais uns 50 parapentes, brigando para subir.  Vale salientar que as decolagens aqui foram todas bem fáceis, com vento de frente, sem ser muito forte.  Largada aberta, tinha jogar para trás da montanha, mas não tinha altura suficiente para passar, então muita paciência para subir.  Quando finalmente fui levado para trás, encarei e fui… alguns parapentes quase pousaram no platô abaixo, eu estava mais alto e peguei mais uma térmica quase no sotavento da montanha.  Desta vez com vento de cauda todos animados com a previsão melhor, mas lá na frente via todo mundo baixo.  Fui escolhendo bem o caminho, e ainda peguei umas bolhas no caminho.  

Pouso impecável !

Quando estava a 10km do start já via muitos pousando, consegui pegar a primeira térmica no vale, mas subia como se fosse lift de montanha, o vento tinha aumentado muito.  Voei para trás várias vezes tentando subir nesta térmica rasgada, e até que consegui ganhar uns 300m, mas estava tenso, pois voar para trás significa estar bem no limite, e mais a frente tinha uma pequena serra sem opções de pouso. Como estou voando uma vela mais lenta que a esmagadora maioria fui pelo lado mais prudente.  Mesmo após ter subido um pouco não via como continuar, pus no caudal escolhi um ótimo terreno e fui perdendo altura no zig zag, até entrar na reta final e fazer um ótimo pouso.  Fiquei extremamente feliz de ter pousado, pois estava turbulento e fiquei inclusive sabendo que alguns pilotos tiveram alguns arranhões em pousos em locais piores...

Resgate veio me pegar no meio do campo onde pousei mesmo

De acordo com um piloto local, a razão do vento forte foi a compressão de vento devido à base baixa e estarmos a sotavento da montanha junto com potencial térmico Max do dia pelo horário.  Efeito vento bem mais forte que na decolagem e turbulência com rajadas de 40km/h , vento meteorológico de 20/25km/h mais as térmicas rasgadas de 20km/h.   Só sei que voar aqui em Trás-os-Montes nesta época do ano é mais Trás-os-Ventos mesmo, impressionante !!!! Até que parece ser um bom treinamento para voar em ventania.    A prova não valeu nada, pois somente 7 pilotos conseguiram passar a distância mínima da prova… 


Resgate entrou na plantação que eu estava, e todos fomos para o bar com um nome sensacional !

 E precisa de legenda ?


terça-feira, 28 de junho de 2016

Campeonato Português 2016 - Monte Alegre

 Portugal !!!!

Minha bagagem extraviada por alguns dias chegou no sábado de manhã em Lisboa e logo em seguida peguei o confortável "comboio" (trem) para o Porto, lá fui apanhado pelo Nuno da Flymaster que me deu carona.  Paramos num pequeno povoado para nos juntar a pilotos do Algarve e assistir a vitória de Portugal sobre a Croácia na Eurocopa de futebol 2016.


Fui para Monte Alegre, província de Trás os Montes a 170km ao NE da cidade do Porto na fronteira com a Espanha. A ideia era ter voado na Serra da Estrela, que possui melhor meteorologia porém, devido à exercícios militares da NATO, o espaço aéreo de toda parte leste do país foi fechado para atividades aerodesportivas.  Ao redor de 75 pilotos participam do Campeonato Português de Parapente, com cerca de 50% estrangeiros, alguns ja treinando para a etapa do mundial  PWC que será aqui próximo na semana que vem.



Inscrição efetuada, briefing de abertura no luxuoso auditório do centro esportiva do pequeno povoado de 10.000 almas demoramos bastante para subir a para decolagem. Na rampa as nuvens estávamos abaixo de nós, o vento norte trazia bastante umidade e com isso o dia demorou bastante para "arrancar". Fomos deslocados para a rampa norte e tudo foi atrasando, decolamos as 16:00 com largada 30min depois.  Claro que demorei a decolar e na abertura da janela ainda estava baixo, o vento estava muito forte tive dificuldades para subir. No contravento o progresso era pequeno, e as térmicas cisalhadas estava sempre próximas das gigantescas hélices geradoras de eletricidade. 



Por vezes tive receio de não conseguir descer para o vale para pousar e cada vez mais próximo das ameaçadoras hélices fiquei tenso. Quando peguei uma térmica melhorzinha, erroneamente passei por cima das hélices cruzando para sotavento das montanhas, voei numa linha de rotores com alguma sustentação, mas não progredi muito, e pousei praticamente parado no ar decido ao vento.



O pouso foi chato pois o vento estava forte, vegetação balançando bastante tive que acelerar para avançar um pouco, pousei quase parado num ótimo matagal.  Estava próximo da estrada de  asfalto principal, mas o meu celular português  ficou sem créditos e eu estava na Galícia (Espanha), logo o pacote de dados não funcionava.  Localizadores por satélite esquecido no hotel, escutava a fonia do resgate mas eles não me escutavam, depois de apertar muitos botões no meu pequeno rádio chinês Baofeng reverti a transmissão para High Power, aí sim consegui transmitir minha posição em coordenadas geográficas, resgate veio em menos de 30min. 

Maior distância voada foi de 30km, eu voei míseros 6km... sem comentários.  Deu tudo certo, e apesar da pequena distância fiquei feliz por estar um pouco mais confiante no vôo.

Ponto de onibus na Galícia (Espanha) onde fiquei esperando o resgate... 

Povoado de Pedrosa 

Outros pilotso reunidos esperando a partida do onibus para Monte Alegre

Islândia - The End

Churrasco de encerramento do campeonato

Eeee, terminou o campeonato Islandês, ótimo pelos cenários surrealistas de uma ilha com intenso movimento geológico,vulcões ativos, imensas capas de gelo e parca vegetação. Campeonato validado FAI2 , apesar da maior prova ter sido 30km, e o maior voo ao redor dos 20km.  Fizeram a lição de casa toda certinha, mas no total devo ter voado no máximo 1h30.   A turma de voo local é pequena mas muito bacana.




Diretor de provas/campeonato/meteorologia e churrasqueiro Agust Gudmudsson lendo os resultados

Hike and Fly ao lado da capital 

Visitei Reykjavik por 2 dias e no segundo já não havia muita coisa a visitar e eis que o piloto Halldór respondeu à mensagem do amigo Israelense Ira, e poucos minutos depois nos levou para um morro a 15min do centro da capital.  Já eram 17:00 mas nesta pequena ilha os horários durante o verão são totalmente relativos pois o sol nunca se põe, por algumas semanas, confundindo meu fuso horário Sul americano.


Os lindos cenários da Islândia que fazem valer a visita. Fomos depois para um segundo local, desta vez com mais alguns pilotos voando, e decolamos também mas o vento estava bem fraco e pousando as 21:00 encerrei a temporada voadora próxima do círculo polar ártico. Com certeza voltarei para uma visita mais demorada e dar a volta na ilha pela ring road.


Fiel ao estilo Hike & Fly estava feliz que ter levado a selete leve, todo meu conjunto pesava 12kg vs. 22kg da mochila tradicional, não conseguiria subir a pé com a mochila pesada


Visto da rampa, ao fundo a Igreja principal da capital, bem no centro da cidade

 De simplicidade Luterana gostei muito da Igreja

Única concessão ao despojamento e o bonito órgão

O foi foi curto, mas o pouso foi em mais um gramado bonito com as flores "Lupens" ao fundo

Islandês, Israelense e BR

E as paisagens Islandesas sempre tem alguma surpresa, aqui alguma brisa diferente entrando, sinalizada pelas nuvens de baixa altura

E as 2030 a ultima decolagem na rampa ao lado, neste pelo menos subimos de carro 


Com o movimeno "tartaruga" dos controladores de voo, filas e atrasos em todos os vôos, e claro que perdi minha conexão para Portugal

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Islandia - Primeira Térmica ehhhhhhhh

Hoje amanheceu um pouco melhor, não chuviscava e o céu apesar de 8/8 de cobertura estava um pouco mais aberto.  Lá fomos nós encarar a subida para Burfell, caminho íngreme sobre cinzas e pedras obviamente vulcânicas, só automóveis com tração 4x4 conseguem subir, o nosso Suzuki Vitara com motorzinho meio cansado após 160.000km encarou bem a subida.  Até sol conseguimos ver no horizonte, todos super otimistas, marcaram uma fenomenal prova de 30km !!! Quase um recorde aqui no país.  Mas o sol se mandou, e na hora da decolagem, estava novamente bem encoberto, alguns decolaram e conseguiam se manter na altura da rampa.  Minha decolagem foi ótima, corri decolei, voltei para o chão umas 2 vezes, pelo desnível não ser muito grande até a ponta do penhasco de 600m acima do solo.  Como ontem fui um dos primeiros a pousar, hoje resolvi voar um pouco mais, e fiquei em cima da rampa tentando subir, e engatei na primeira térmica polar da minha vida.  Incrível com o céu totalmente encoberto, mesmo assim alguma atividade térmica.   Depois de uns 20min, parti para a super prova, consegui voar uma linha um pouco melhor e consegui voar um pouco mais que velas mais avançadas que estavam na minha frente, mas os Enzos e outras velas D foram mais longe... Foi praticamente um planeio até o chão.  

Pouco vento no meio da montanha, vulcão Hekla ao fundo, no lado esquerdo da foto um sismógrafo 

E o tempo estava assim mesmo totalmente encoberto mas conseguimos subir uns 300m acima da rampa até a base das nuvens 

E o pouso ao lado da estrada de cascalho, depois de uma siesta chegou o resgate Russo/Israelense a bordo do potente Suzuki Jimmy 

 E no posto de gasolina a minha versão Islandesa, vejam o parapente no banco de passageiros..,

 Aqui é permitido pousar nas rodovias (acho)...

 Um pouco maior que nosso Suzuki Vitara...


quinta-feira, 16 de junho de 2016

Islandia - Terceiro dia de voo

Até um pouco de garoa tivemos na hora do encontro para decidir o que fazer.  Mesmo assim subimos para Burfell, apenas com tração 4x4 é possível subir.  Caminho é inteiro sobre cinzas vulcânicas (porque será... ??? ), e marcaram rapidamente uma provinha de 10km !!!! Com decolagem 15min depois, e eu como sou lento para ficar pronto... Estavam com pressa porque se entrasse a brisa marinha, ninguém mais conseguiria sair pelo excesso de vento.  Um frio total, pus todas as roupas que tinha, e até que consegui segurar bem.  

Preparando os panos de chão voadores 

Situação meio gelada, apesar de estarmos no início do verão local 

Alguns pilotos pegaram pequenas bolhas e chegaram no goal, eu fui para o chão direto, voei em cima da segunda maior usina hidrelétrica do país, mas resolvi voltar para pousar num ótimo gramado, Uns 10 pilotos pousaram no meio de construções, outros no barranco da montanha pequena, mas eu optei por algo um pouco mais tranquilo.  Mas aí fui atacado pelas centenas de moscas que não tinham o que fazer, e apesar de não picarem são um tormento por aqui.

No momento do desespero me cobri com a balaclava de vôo, dobrei o parapente com capacete na cabeça, mas aí ficou meio quente e quando fui ventilar um monte destes voadores irritantes entraram e não deu para ficar com o capacete na cabeça... 


Quem é o gringo aqui ???? Os pontos pretos não são sujeira não, e sim as centenas de moscas 


Segunda maior usina hidrelétrica do país, com bonito mural feito pelo artista Sigurjón Ólafsson.  Energia aqui é tão barata, que a Alcoa instalou grande fábrica de alumínio para justamente aproveitar o baixo custo da eletricidade.

 E vieram as trabalhadoras da usina envernizar as floreiras... e bancos de picnic na frente da usina


 Planejando as viagens no mapa do pequeno/grande país situado junto ao Circulo Polar Ártico

Após a decolagem @dima

O QG onde tudo é decidido, notem o diretor do campeonato de shorts.... 

Da Nova Zelandia, Austrália a Israel, Groelândia, Alemanha e assim por diante é uma mistura de linguas e pessoas do mundo todo apesar de ser um evento pequeno, todos muito curiosos com a rica e diversa natureza local.

Para mostrar que é verdade... a task do dia @dima

Islandia Segundo dia de vôo - B

E após o nosso super vôo de alguns minutos começamos a volta para Àrnes, no caminho fomos parando em algumas cachoeiras e outros locais muito bonitos.  Muitos turistas no caminho, gente acampando, andando a pé (mochilando), de bicicleta, enfim mesmo neste clima inóspito o pessoal vem visitar.  Também os enormes motorhomes e trailers na estrada, ou  seja tem tudo mesmo.  Albergues e hotéis espalhados pela ilha toda. 

Vista da região que voamos, e atrás onde começa a neve o início da manta de gelo que cobre a parte central do País , poucos quilômetros a NW deste local o famoso vulcão Eyjafjallajökull que entrou em erupção em 2010, atrapalhando a vida de muita gente na Europa por causa das cinzas.

Jo com frio...

O sol faz toda a diferença !

Tivemos vontade de voar nesta linha de montanhas, mas o vento estava atravessado, não deu... 



Mas nosso amigo aqui mostrou como se voa de verdade !!!! 

Esta cachoeira, apesar de pequena é linda, fui lá dentro, mas as imagens não ficaram boas