domingo, 24 de junho de 2012

Itália 2012 - Bassano del Grappa

Lugar bom para aprender a voar e ganhar experiência, tem a ultima linha de montanhas dos Alpes.  Ao sul a planície Italiana, com Veneza a apenas 80km, nos dias claros inclusive é possível ver a cidade e a laguna já no mar Adriático.  Meteorologia não sofre com os problemas de ventos tipo “Foehn” que varrem os vales na região dos Alpes.

Pouso em Mayrhofen

A idéia inicial era voar em Mayrhofen durante 1 semana, e passar 2-3 dias em Bassano.  Mas com o tempo ruim na região de Zillertal (vale que contém Mayrhofen), resolvemos ir para Bassano e talvez voltar no meio da semana, caso o tempo melhorasse.  Voar nos Alpes requer entender as cadeias montanhosas e como os ventos fluem pelos vales.  Prever os ventos analisando os sistemas de pressão nas várias regiões.  Ou seja para nós brasileiros o melhor é usar o conhecimento local para voar por lá.   No dia que cheguei em Mayrhofen o vento Foehn soprava com uma violência incrível, segundo o instrutor Kelly, é uma situação totalmente não controlável, não dá para voar com parapente pois é extremamente turbulento.  O lado bom é que hoje em dia com a internet, é de relativa previsibilidade.

Hotel em Mayrhofen, atrás um dos teleféricos em funcionamento

Não posso deixar de comentar que a região de Mayrhofen é muito bonita, dezenas de pequenos hotéis que ficam lotados nas férias de verão e inverno, todos meio vazios.  Passeios a pé, de bike com os teleféricos principais em funcionamento.  Também bons restaurantes, mas o horário de jantar é bem cedo para os nossos padrões, a maioria fecha ao redor das 22:00 !!


Já que não deu voo, o negócio foi apelar para bike, um frio lascado no topo da montanha

Em Bassano, ficamos hospedados no hotel Garden Relais, sem duvida a melhor opção, pois fica ao lado do pouso oficial e sede do clube de voo livre Monte Grappa.  Além de ter bons quartos, tem um excelente restaurante a preços razoáveis.  Tivemos que comprar o “Fly Card” que é a taxa que cada piloto paga para o clube local, e serve de ajuda para manter o pouso em boas condições além das decolagens é claro.   Seguro de saúde e contra terceiros é obrigatório, e recebemos um sinalizador de fumaça para o caso de pousar nas árvores e necessitar resgate por helicóptero, ainda bem que ninguém precisou !


O detalhe nesta foto é o "Tree Rescue" , um sujeito que cobra Eur$300 para tirar o parapente do meio das árvores no caso de pouso enrolado

Treinamos por 2-3 horas inflar o parapente, algo que eu realmente estava precisando fazer.  O vento vinha um pouco turbulento, mas deu para aproveitar bem.  Inclusive resolvi aprender de vez a decolagem “alpina”, treinando várias vezes no solo.   Bem no final da tarde, com o tempo limpando subimos para a rampa sul #2 , 100m mais baixa que a principal , ideal pois sempre mais vazia com bom espaço para abrir os parapentes e abortar a decolagem com segurança na frente.  Mas o vento catabático (que desce a montanha) já estava soprando levemente, deixamos para o voo para o dia seguinte.   Várias decolagens no Monte Grappa, a nossa ficava a 550m do chão, a principal 100m acima.  Mas vi gente decolando até mesmo a 1500m, num local que leva 1hora para chegar de carro.

Sempre recepcionado pelos cães brincalhões no pouso oficial 

Exíguo painel de instrumentos do TO versão Parapente

Nos primeiros 2 dias decolei com o sistema alpino, que o pessoal usa no RJ ou seja é correr para frente e a vela levantar.  No segundo voo, arranquei com muita energia, e a vela passou, na segunda tentativa decolei sem maiores problemas.  Agora peguei confiança nesta modalidade de decolagem, que é muito boa para vento fraco.

   A turma de voo esperando o dia começar !

A decolagem que usamos quase todos os dias, não era a mais alta, mas bem confortável

O grupo era bem diverso, sendo que apenas o Finlandês Lars tinha menos experiência de voo do que eu.  Cada um com suas deficiências aprendia das dicas passadas pelo instrutor Kelly.  A montanha é bem térmica, e a cada dia aprendemos um pouco mais de onde desprendem as térmicas.   Uma linha de aproximadamente 10km é o cordão principal do Monte Grappa, e virou o nosso playground principal.   No final de semana 2-3 planadores voaram conosco, também aproveitando as boas térmicas geradas pelo relevo.  Diferente do Brasil, existem casas para TODOS os lados, na planície, parece que o norte da Itália é uma sequência de pequenas vilas, e plantações familiares menores ainda. 

 Monumento em honra aos mortos da 1ra Guerra mundial, onde os Reino da Itália combatia as tropas do exército Austro-Húngaro

Visual do vale que vai para o Norte em direção da Áustria

A cordilheira tem vários detalhes como o monumento aos 60.000 mortos na primeira guerra mundial.   Só no ultimo dia consegui chegar perto, pois fica no ponto mais alto a 1800m do nível do mar (aproximadamente).   Outro detalhe interessante é uma enorme marcação na floresta com o WM escrito de outra forma que é atribuído aos simpatizantes “Viva Mussolini” ou mais recentemente os politicamente corretos dizem que é “Viva Madonna”.

 Voando em cima do maciço de Monte Grappa, alguns colegas acima, este sou eu mesmo em boa foto tirada por Kelly



Fizemos algumas provas de distância, sempre seguindo a cordilheira inicialmente, e depois indo para a planície.   Bem esta ultima não funcionou na maior parte dos dias, céu bem azul, forte inversão com térmicas fraquíssimas.  A vantagem foi que tive que subir em térmicas muito fracas e com isso aprimorando a capacidade de mapear térmica e subir sem errar muito.  Vários pilotos iam para o chão nessas condições, mas todos foram aprendendo aos poucos.   Pousei “fora” do oficial apenas 2x uma sempre sem maiores dificuldades, e a não mais que 100m de uma rua asfaltada.   A densidade populacional da região é grande, mas como existem bastante agricultura é fácil achar pouso.  
Preparando para decolar 

Tinhamos o Luigi, que a bordo do possante furgão VW vinha ao nosso encalço “pronto presto”.  Experiente piloto de parapente local, sempre nos ajudava para decolar, é um resgateiro muito profissional !  Durante alguns voos conseguimos voar em turma, e foi muito interessante ver como escolher um bom caminho faz uma diferença ENORME no resultado final, mesmo voando com parapentes de diferente performance. 

Em cima da ponte antiga de Bassano del Grappa, a primeira construída ao redor de 1200 !!!

Fiz alguns voos de 5h, e outros bem mais curtos, no total foram 22h voadas em 7 dias , ou seja deu para aproveitar bem. Sem grandes distâncias voadas, pois a meteorologia não ajudou muito.  É interessante  salientar que no final de semana enquanto eu voei 10h , voando 40km por dia, pois não dava para ir longe na planície muitos pilotos fizeram excelentes voos no meio dos Alpes.  No domingo 17/06/2012 62 pilotos fizeram voos acima de 100km, e 16 acima de 200km !!!  Foram lançados 700 voos no XCContest, tudo bem que a maioria dos voos grande foram com velas C/D, mas mesmo assim !!! A região voada variou bastante, mas sempre no meio dos Alpes e não nas extremidades planas.

Do pequeno museu da 1ra Guerra em Bassano, 1 Korona Austro-Húngara


Fechei o esquema de voo com a AustrianArena, e funcionou bem para mim, a turma bem bacana, a fluência em inglês é importante para compreender bem as dicas do instrutor, mas mesmo quem não tiver a língua 100% pode aproveitar bastante também.   Não tive que me preocupar com local de voo ou resgate, tudo estava organizado.   Várias dicas foram dadas pelo instrutor com o objetivo de aperfeiçoar o vôo, ele ia corrigindo os pilotos algumas vezes da rampa, e outras já voando, ele voou todos os dias, inclusive nas navegações montadas (XCs).


Espero um dia poder voar nos Alpes de verdade, pois desta vez não deu, mas a natureza não respeita agenda mas aproveitei bem a viagem. 

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Atibaia em excelente forma

Como é bom voar sem motor !!! Pedra Grande - Atibaia, com o maior mérito de ser próximo a São Paulo, permite uma escapada rápida da grande cidade.  

Preparando o material

Run Forrest Run !!! Decolando

Lift off 

Suave pouso após 1h40 de voo térmico + lift (colina)


Especial agradecimento a Marta Okuyama pelas fotos