segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Verão 2014 - Quixadá Paulista

Janeiro de 2014 ficou na história do Sudeste do Brasil como um dos mais secos da história. Acessando o site de previsão, não consegui ficar amarrado em São Paulo.   Fui para o Pico do Gavião, Andradas (MG), na terça passada, num ida e volta junto com um gringo.  A condição estava sensacional, vento NE , mas um pouco forte para decolar.  Levei muitas cambalhotas, e apenas na quarta tentativa consegui decolar.  Para sair da rampa, tive que acelerar... porque tinha parado no ar.  Quando já estava mais a frente da decolagem, vi que minha velha estava estranha, olhando para cima parecia que tinha rasgado uma das "cordinhas" , e a vela estava deformada do lado direito, fui direto para o pouso Norte. 

Avisei o Amilcar e o Koen para irem embora, pois o dia prometia muito.  No pouso não consegui achar o rasgo, mas depois de checar novamente, achei um nó de 2 palmos que encurtou muito e deformou o velame. 

Nova decolagem, e desta vez com o vento mais calmo, fui na primeira, custei a subir, mas depois ainda consegui voar 99km.  Foi o início de dias ótimos. 


Na quinta feira, mais pilotos se juntaram, e dividimos o resgate, voei com o Katuaba que inaugurava seu IP6 e o Paulinho com o Fenix vermelho e o Garcia que foi passear por outros lados.  Foi um voo em zig zag pela área da AFA (Academia da Força Aérea - Pirassununga) , justamente para evitar o aeroporto, fomos para Aguai, depois Porto Ferreira, e lá fiquei aquele rio contornando tudo não ajudou. 

E depois veio uma sequência de dias cada vez melhores.  Na sexta fiz o voo praticamente o tempo todo junto com o Paulinho de Fenix, com certeza um voo muito mais eficiente vs. voar sozinho, subimos melhor as térmicas, com o centro variando bastante no dia.  Uma fogueira nos salvou no final do dia, e conseguimos dar a volta por Rio Claro, queria pousar no aeroclube, mas a cidade muito grande intimidou bastante essa vontade. 

Sábado o voo foi bem diferente, muita gente voando, cada um para um lado, decolagem um pouco tensa na rampa NE, Mexicano saiu atropelando o Adnar, que nao conseguiu por a vela em voo, mas foi só um susto.  Dividi o resgate mas todos pousaram bem antes, e ficou só para mim, seguindo por baixo.  Fomos novamente para o Norte e depois Oeste, passando por Vargem Grande do Sul, em Casa Branca fiquei um pouco baixo, mas com paciência tudo subiu novamente.  Algumas térmicas peguei com uma Fenix azul, mas o voo foi na maior parte do tempo sozinho mesmo.  Após Casa Branca , a melhor região do estado de SP para voar, pelo menos para o voo a vela, comecei a relembrar a paisagem conhecida das usinas de açúcar, mas desta vez com um planeio 1/6 do que eu estava acostumado com os planadores 1:8 vs. 1:50 ... Ahhh, recomendo carregar o rádio todos os dias, no final do voo estava com a bateria fraquíssima, e recepção de celular nenhuma... 

 Eu lá em cima, parapente vermelho, foto @ Boni, a bordo de sua Ferrari Enzo


Iniciando a decolagem @Boni

Previsivelmente, todos os dias, olhando para as montanhas a leste, na proa de Pouso Alegre (rampa de Sta Rita) dava para ver que as nuvens formavam mais cedo, e para a nossa rota de voo, região plana de Aguai/Mogi/São João, ainda tudo azul, não chegou atrapalhar muito, mas creio que mais a leste o dia térmico deve ter começado um pouco mais cedo. Alias neste dia, no sábado, mais de 10 pilotos fizeram voos acima de 100km decolados da rampa de Sta Rita do Sapucaí.

No final do dia consegui ficar alto, e o planeio final rendeu bastante.  A preocupação foi onde pousar, pois apenas canaviais, e cerca viva por várias propriedades.  Foi um dos locais mais bacanas que encontrei para pousar.  Fazenda Capão da Cruz com apenas 5500ha de cana plantados.  Vi um aeródromo novo em folha, e foi o local que escolhi para pousar, preocupado em não ralar a selete (cadeirinha) no rugoso asfalto, consegui pousar ao lado da pista, meio atravessado, pois o vento não estava alinhado com a pista.  Ótima recepção do pessoal da fazenda, tive muita sorte nesta escolha.

Dá para notar as árvores em volta da propriedade ?  

Trem de pouso baixado e travado, depois de voar 6 horas, tirei as pernas da carenagem, e fiquei exercitando, para tornar o pouso mais confortável.

Acertei o pouso, pois logo a frente tinha irrigação funcionando, e consegui aterrisar na grama. Feliz com o voo de 160km otimizado, ou 147km linha reta.

No ultimo dia, domingo, a rampa estava cheia de gente querendo fazer longos vôos, nada melhor que o XC Brasil para divulgar as distâncias percorridas e aguçar a vontade dos colegas.  Saimos em quase 2 dezenas de parapentes, aos poucos todos se espalhando.  Voei bastante tempo com o Katuaba IP6, Amilcar de Torck2 e o Boni com o Enzo dele dava umas voltas e sumia depois. Depois que saimos em dire'ção de Rio Claro formou um buraco azul enorme, atmosfera seca, resolvi cortar pelo meio.  Alguns fiapos formavam, e secavam rapidamente, parecia o Centro Oeste no inverno e mesmo no azul conseguia subir um pouco.  E aí cometi o erro que quase matou o voo do dai.  Longe vi 2 parapentes, em cima de um terreno bem vermelho, caminhões, Dust Devils... Tinha tudo para dar certo, mas cheguei um pouco baixo demais, e não consegui subir.  Por longos 30 minutos fiquei entre 50/150m do chão, em cima de terraplanagens, floresta ao lado, com um vento razoável, encarava o vento para não fugir da térmica.  Foi uma batalha, para não ir para o chão. 

Neste terreno vermelho, da direita fiquei 30 minutos muito baixo, na divisa com a floresta, saía a térmica, e com uns 300m do chão fui para o outro terreno mais esquerda, estava 2/3km ao sul de Santa Gertrudes, 6 km ao sul do aerodromo de  Rio Claro. 

Mas venci a briga, e de volta aos quase 3000m (acima do mar), continuei o voo, deixei Piracicaba a minha esquerda, e não conseguia mais dizer para o resgate par aonde ele deveria ir.  No GPS, não apareciam as pequenas cidades proximas ao Rio Tietê. Escutando o Marquinhos Leme no rádio, ele falava de Anhumas, aí digitei no GPS, e apareceu a cidade porque no Garmin não tem um botão para aparecer TODAS como no LK8000 e similares.  Consegui avisar ele onde eu estava, e aí batalhei pela ultima térmica do dia.  Fiz um novamente um longo planeio, pena que não bati foto, pois foi justamente em cima do rio Tietê.  Tomei o cuidado de avisar o fiel resgate sobre a ponte do Rio Tiete, e fui para o pouso,  batizei com bosta de vaca na minha calça, porteira trancada, caminhei uns 30" até conseguir chegar na estrada de terra onde a camionete já esperava.  

Bati meu record de distância, 172km de distância livre e 178 OLC em 6h de voo, nada mal para minha vela "B" que já foi chamada de bacalhau.  Vários pilotos bateram seus recordes pessoais.  Estava a 13km de Conchas, para lá fomos buscar o Amilcar e Cobrão, que pousaram alguns km a frente.  Quem sabe um dia consiga chegar em Tatuí, onde fiz o curso de planador !!!   De volta pela Castelo Branco, desviei para Campinas , para deixar na rodoviária o pessoal, e as 2330 cheguei em casa, cansado e feliz !

E as boas condições de voo continuam muito parecidas para o início desta semana, quem puder vá para o Pico do Gavião e aproveite !!!






Um comentário:

Daniel disse...

Parabéns, pelo Voasso!! e bacana o seu blogger, conheci a pouco tempo. uma sugestão(se já não o tiver pois não vi ainda todos os conteúdos) é quando puder fazer um tópico falando um pouco sobre o XcSkies e as principais opções que utiliza pra consultar o mesmo, na net não existe nenhum lugar falando sobre o mesmo em português. abs