quarta-feira, 28 de junho de 2017

Espanha ultimas 2 provas


Ultimos 2 voos.

Prova marcada 160km, fiquei pensando puxa que bacana, finalmente uma prova uma pouco mais longa.   Prova marcada, todos felizes afinal não é sempre que marcam este tipo de distância em campeonatos de parapente.  Na verdade a previsão era de vento um pouco mais forte, e seria impossível fazer uma prova no estilo tradicional ou seja ir contra vento.   Janela de decolagem foi aberta 1h30 antes do início da prova, e sem muito stress todos foram decolando.  Tivemos que ir “escalando” nas térmicas cordilheira acima.  A largada estava bem distante, e custava um pouco para subir.  Subindo aos poucos a montanha, pegando cada vez uma térmica mais para cima, fui tentando me posicionar bem.  Tivemos que voar ao longo da cordilheira com vento de lado, ou seja a prova havia começado antes mesmo do “start”. 

Almoçando por 7 euros, no dia que não deu com o amigo Pavel

Os grupos foram se dividindo aos poucos, aqui não sei quem é quem, então fui seguindo meu instinto mesmo.   Mesmo após a janela da prova (partida) estar aberta, continuei voando por mais alguns quilômetros na cordilheira.  Quando já não subia tanto, atravessei para o vale, claro que com 1 dúzia de parapentes por perto.  Aí foi um longo planeio pelo vale da história cidade de Ávila.  Apenas escolhendo o melhor linha para não afundar demais.  Após o fundo do vale começava a elevação do terreno, que deveriam disparar as próximas térmicas.   Vi alguns pousando nesse caminho, pois pegaram uma linha de descendentes.  Já do outro lado, a direita de Ávila, achamos algumas bolhas que subiam um pouco.  Enquanto isso o grupo que vinha pela esquerda conseguia subir bem, mas estava distantes alguns quilômetros.  Térmica fraca incialmente com bastante deriva fomos subindo, livrando a possibilidade do pouso precoce.  Avistando Ávila e os “molinos de viento” de geração de eletricidade estava difícil concentrar, mas a turbulência começava a aumentar e aí concentração total...

Fila para o ônibus do resgate, após a prova de 160km 

Numa prova com esta distância é natural que haja grande dispersão de pilotos, com nunca voei na região fui na rota mesmo.  A boa surpresa foram as nuvens no horizonte ajudando a sinalizar o melhor caminho já que elas indicam o local das térmicas.   As fracas térmicas começaram a ficar fortes, de 4 a 6m/s constante.  Subia apenas a 2500m, pois o limite de altura era 3000m.  Aliás bastante discussão no briefing por parte da organização sobre como aplicar penalidade, pois havia conflito entre o regulamento local e da Federação Espanhola.  No final decidiram que o piloto poderia varar 1 vez os 3000m adotando o mesmo procedimento do voo em nuvens, ou seja voltar para trás, descer, demonstrando claramente que não tinha intenção de tirar vantagem competitiva.  Nesta região as térmicas são fortes, e mesmo saindo a 2500m das térmicas várias vezes eu subia a 2800/2900m mesmo sem querer, acelerando e talz.  

Dobrando a Zeno protegendo as varetas

Apesar do dia forte, tínhamos o problema de algumas vezes ficarmos abaixo dos 1500m, quando as térmicas não funcionavam bem devido ao vento de 30km/h que ia desorganizando as térmicas a baixa altura.  Então foi o voo de cuidar para não passar de 2500m e não baixar a menos de 1500m, pelo menos para mim.  Regiões bem distintas durante o voo, de florestas com muitas árvores a culturas agrícolas, e claro os vilarejos com seus castelos e “plaza de toros”.   No final do vôo ao redor das 17:00 tudo subia, eu já estava a 2200m, quando voando reto e um pouco acelerado (estava turbulento) tudo começou a subir e subir.   Já havia visto pilotos  a minha esquerda claramente acima do espaço aéreo autorizado, fazendo espiral para descer, etc etc... Mas eu tinha desviado dessas nuvens, mesmo assim acabei indo a 3030 metros.  Aí virei 150 graus para a direita até conseguir descer a 2800m, demonstrando a intenção clara de não ter vantagem.  Mas nessa perdi umas 4-5 posições na prova, não teve jeito.

Voltando do longo resgate, escurecendo após as 21h

Foi uma prova muito diferente, no começo a tática do Start, muitos levaram bastante tempo para conseguir saltar a cordilheira, outros tiveram problemas no vale de Ávila.  Sem contar dos 25 pilotos que tiveram zero pontos por ultrapassarem o teto máximo mais de uma vez.  Para mim ainda falta acelerar 100% na turbulência, isso ainda não consigo fazer.  

No goal o pouso foi um pouco difícil, errei um pouco e minha vela caiu perigosamente perto de uma placa de metal, poderia ter danificado.  Ao redor da ½ dos pilotos conseguiram completar o percurso.  Se tivessem marcado uma prova de 200km todos teriam chegado também, pois o dia continuou forte por mais 2/3 horas.   Completei a prova em 3h16min , em #16 posição, 13 minutos atrás do vencedor ou seja velocidade média alta.   Já o resgate foi bem complicado, o primeiro ônibus levou 2 horas para chegar e não consegui entrar nele, lotou.  O segundo chegou as 9 da noite, paramos no caminho para jantar, e as 2 da manhã do dia seguinte estávamos entrando em Pedro Bernardo.

Ultima prova
Na sexta feira fomos para a rampa ainda com a esperança de fazer uma prova, mas o vento msmo de manhã cedo estava forte demais, resultado prova cancelada.

Muitos pilotos começaram a ir embora porque a previsão não estava boa para o sábado.  Íamos visitar a cidade de Ávila, mas não deu aproveitei para tirar uma siesta espanhola pois tinha dormido apenas 4 horas na noite anterior.  Ahh faltou mencionar que negociamos a compra de um Zeno semi nova para o Alexandre do RJ que também voava de Triton.

No dia seguinte já estava com as malas prontas para ir embora, café da manhã relax no hotel El Cerro, mas eis que no whatsup do campeonato vem a mensagem que os ônibus iriam subir as 10:15.  Correria para aprontar tudo, cheguei atrasado na rampa, o briefing já iniciando, bem mais cedo que o normal.  Com a explicação que a previsão tinha adiantado, e seria possível decolar se saíssemos cedo.  Marcaram uma prova para evitar que os pilotos ficassem nas montanhas onde com o aumento do vento teríamos muita turbulência.  Eis que na decolagem o problema foi justamente o oposto, vento por vários momentos fraco demais.  Tive uns contratempos e quase o último a “pular” da montanha.   Mas não havia perdido muita coisa, pois ninguém consegui subir, ainda estava muito cedo as térmicas ainda não estavam maduras. 

Aos poucos fomos todos nos arrastando para a partida sem passar de 1500m, nossa que diferença dos dias anteriores. Aliás larguei muito tempo depois da abertura da faixa.  Claro que alguns apressadinhos foram em frente, mas era um dia totalmente diferente dos outros, era necessário cautela para não ir para o chão cedo demais.   Menos da metade dos 148 participantes havia decolado, mas mesmo assim com 70 parapentes espalhados, alguém sempre achava alguma térmica.  O problema que o vento começou a apertar novamente, GPS mostrando 30km/h, então as térmicas davam um pouco de trabalho mesmo. 

Tentei fazer caminhos diferentes, mas o dia estava azul e minhas tentativas de livrar do grupo não deram muito certo.  A prova de zig-zag com vento lateral mostrou ser totalmente acertada, achei até um pouco no limite, pois imagino o pouso nos pequenos campos que atravessamos no início do vôo com esta ventania.  Tivemos que ir com cuidado até a penúltima térmica.  Aí tudo estourou, foi ficando cada vez melhor a meteorologia.  No goal eu ficava parado no ar, as vezes voando um pouco para trás.  As térmicas nos faziam subir, mesmo sem querer, tinha que caçar uma boa descendente para conseguir pousar.  Escolhi um campo bem aberto próximo ao aeroclube local.   Pois era super importante não ter nada a frente que pudesse gerar turbulência próximo do chão (como árvores ou edificações) e nada atrás, no caso de ser arrastado ou até mesmo voar para trás, ambas situações que de fato ocorreram.  Ainda bem que estava com calça comprida, senão ia ficar completamente ralado...

Começando o retorno a São Paulo


Encerrei bem a temporada de 2 semanas voadoras na península ibérica, apesar da terrível onda de calor, acima de 40 graus rotineiramente, tive a oportunidade de saborear os ares de Castelo de Vide e de Pedro Bernardo.  Nesta prova fiquei em #10, finalizando o Campeonato Espanhol em #14.   Ahhh o Martin neste dia ficou em #4 melhorando bastante sua colocação final.  Eu fiquei surpreso já que foram literalmente os primeiros da nova vela de 2 linhas que comecei voar em Portugal, categoria acima da classe Sport que eu voava antes.   Ainda falta um pouco de segurança para voar mais acelerado especialmente no tempo um pouco mais turbulento gerado principalmente pelas térmicas no azul.  Mas me senti bem com esta nova vela, apesar de todo receio (medo mesmo hahahaha) inicial que tinha por se tratar de 2 linhas.  Tive apenas uma fechada maior, de uns 40% mas que abriu facilmente.

Só assim para eu voar em Quixadá !!!!

Nenhum comentário: