domingo, 20 de outubro de 2013

VOO PARA DHARMSHALA

Internet via 2G, porque hoje quase não entrou a wifi, então fotos só seguem quando a conexão for melhor.

VOOS

Aqui o jeito de voar é bem diferente do que estamos acostumados no Brasil, é o voo de montanha por excelência.  Assusta um pouco no início, pois toda vez que ficar baixo tem que mirar montanha acima.  E mesmo a 3000m estamos podemos ficar colados no terreno.  As térmicas desprendem do terreno que fica cada vez mais alto, e o vento sopra da planície, estamos voando na primeira cadeia de montanhas da cordilheira do Himalaia.  Das montanhas altas descem o que convencionamos chamar de “braços” que descem suavemente ou algumas vezes de forma bem íngreme, em direção ao vale principal. 
Então para subir tem que mirar a parte mais alta dos braços, sempre sobe, mas vai contra o instinto do piloto, que quer ficar distante do terreno.  Aqui ficar próximo do terreno é garantia de subir !!! E ao mesmo tempo temos a segurança de poder ir para o vale principal para pousar, que tem o platô principal ao redor de 1200m.  Por se tratar de um vale bem aberto o vento não costuma ser forte, diferente das montanhas para “dentro” da cordilheira, com seus vales estreitas, efeito venturi, exige mais coragem e conhecimento para voar com sucesso.
Muito arborizadas as encostas das montanhas até 3000m pelo menos, tem além de trechos com muitas árvores, também ovelhas/cabritos e os pastores conduzindo-os, casas de montanha bem rústicas, onde justamente eles passam a noite.   Também existem pequenos monumentos budistas na alta montanha, com a vantagem para o piloto de parapente que tem quase sempre uma pequena bandeirola vermelha, que ajuda a ver a direção e intensidade do vento quando chegam baixo “ralando” para subir novamente.

BIR – DHARMSHALA

Resolvi sair mais alto, e fui “escalando amontanha voando” até passar de 3000m próximo a decolagem, mas indo bem para trás, rumo as montanhas mais altas. Iniciei a navegação com o Adnar ainda bem mais baixo, mas a bordo do seu possante Peak3, logo iria me alcançar.  Tomei o rumo NE, achei meu voo mais eficiente entre 2500 e 3000 metros.  Tinha um pouco de umidade, com nuvens marcando a região de ascendentes, além do terreno que uma vez que aprendemos a ler, torna-se um aliado sem temor algum.  Fui atravessando os vales vendo parapentes bem baixos e alguns poucos mais altos que eu na parte mais alta da montanha. 

Uns 25-30km da decolagem notei que minha velocidade estava caindo ainda mais, já era um voo com vento levemente de frente. Mas derrepente comecei a voar a 10km/h , o parapente praticamente parou de avançar e eu perdia altura velozmente na proa de mais um braço de montanha.  Quando cheguei na área de sustentação, vento perpendicular com o cocoruto do braço da montanha, parei de descer, mas estava bem turbulento, comecei a voar lift, indo e voltando praticamente parado.  Não sabia bem o que fazer, pois o tranquilo voo mudou para uma situação um pouco desconfortável, a 2000m estava colado no terreno, levando pequenas fechadas, sem andar para frente, e subindo pouco.  Mais 3 parapentes estavam próximos, 2 mais baixos e um na minha altura, me tranquilizou um pouco, pois não estava sozinho, e alguém iria conseguir subir...  Mas eles também estavam parados, então resolvi agir fui um pouco mais para frente na rota, para cima de um gramado mais suave, e lá consegui ainda no lift subir com um pouco menos de turbulência, mas ainda com vento intenso.  Subi uns 700m, e aí fui em frente, cada parapente fez um caminho um pouco diferente, mas todos conseguiram subir e safaram-se da situação desagradável.  

Muito interessante essa parte seguinte do voo, o vento diminuiu um pouco , a impressão que tive foi que tinha dobrado uma “esquina” com isso o vento tinha acelerado um pouco mais. Caminhos levemente diferentes faziam um parapente ficar muito mais alto que o outro, mas lá na frente todos ficavam na mesma altura.  

Já próximo a Dharmshala a montanha ramifica bastante, e formam-se platôs bem altos, ou seja fonte de térmica já não tão óbvia, mas mesmo assim, com o vento vindo do vale, e nuvens deu para achar o tempo todo a região de boa sustentação.  Estava em frente de Mc Leod, que é a cidade acima de Dharmshala, onde mora o Dalai Lama. Existia uma boa quantidade de casas de 3-4, lembrando um pouco o RJ com seus morros.  

Ai comecei a pensar na volta, mas os parapentes que estavam um pouco mais baixo que eu foram para Dharmshala, comecei a voltar sozinho para Bir.  Bem encostado nas montanhas, as térmicas funcionavam bem, agora com vento de través, aumentando minha velocidade o voo rendeu bem mais.  Voltei para Bir em menos da metade do tempo da ida, já sem turbulência, e sozinho, os outros haviam ficado em Dharmshala, como vim a confirmar depois com um dos pilotos aqui da pousada, que reconheceu a minha vela.  Devo ter voado uns 80km no dia.  Aos poucos estou conhecendo melhor o terreno da rota para Dharmshala, falta ainda o outro lado.  E no vale sem chance de voar, céu azul, com forte inversão, bom para perder altura e pousar.

Perdi o chá das 5 da tarde, cheguei mais tarde no hotel, mas em compensação a fogueira foi ótima, todos os dias sentamos em volta do fogo, e trazem sopa de caneca para nós, mordomia total. Jantar novamente foi ótimo, e consegui trocar para um quarto bem mais espaçoso que o primeiro, que além de mini, tinha uma cama muito pequena.

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