domingo, 15 de novembro de 2009

Descrição do vôo de 808km

Na quinta feira, o tempo não tinha previsão muito boa de onda, então decolei apenas as 13, depois da saída do vôo do Dornier 28. De manhã se via apenas umas pipocas, que na verdade eram rotores, mas quando eu decolei uma grande lenticular se formou na Cordilheira del Viento. Subi uns 1500m com o motor, desliguei e já subi em onda. Voltei a experimentar a boa sensação de voar onda, com subida calma e constante. Fui inicialmente no rumo NW visitar a cordilheira com o vento mais forte da região, e depois para direção sul para o que chamo de “grande vale” que é a encosta do cordão principal da Cordilheira dos Andes.



Rotores indicando onda


Tive a clara intenção de voar sempre acima de 5000m (do nível do mar), alitude que considero segura para a maior parte da região, com exceção das imediações do Vulcão Domuyo onde no mínimo 6000m é a pedida. Quando saí da cordilheira del viento, virei a Oeste (W) para tentar pegar a onda primária. Estava procurando o ponto da onda, perdi 2500m, já que é proa contra o vento W, predominante. Na região de Caviahue subi um pouco, mas não estava satisfeito, e toquei em frente, voei um pouco mais baixo do que queria, mas sempre esperava subir mais na frente. Claramente mais baixo do que gostaria, voei entre 3500 e 5000m grande parte do trecho. A vantagem que os pousos fora estão bem marcados, tenho o arquivo dos “Landings” que são pistas isoladas (poucas), trechos de rodovia vazios e checados pelo Chollo & Cia, e assim vai, ou seja sempre com alguma opção. Fiz um novo erro, aproei o lago de Aluminé, lembrei do Heinz que sempre gostou de voar por lá, ao fundo Vulcão Lanin, e esse lago, com sua pista de cascalho (duvidosa) na ponta sul. Essa região fiquei procurando por bastante tempo fonte de subida, mas estava meio fraco. O máximo que consegui foi subir de 3500 a 5000m, restabelecendo um pouco a confiança em mim mesmo.



Dia quase totalmente azul, pouca indicação de onda


Rumo Norte, consegui atravessar a cadeia de montanhas entre Aluminé e o vale principal (a Leste), meio baixo tipo 4500m, mas sempre apoiado nos pousos possíveis. Pouco depois de Las Lajas, subi na encosta de uma nuvem , foi muito bacana, funcionava como um paredão literalmente. Mas só foi até 5000m, não passava. Saliento que o dia estava bem azul, lenticulares apenas na Cordilheira del Viento, e haviam poucos rotores marcando. Mas vi alguns desses pequenos fiapos em Caviahue, um pouco mais ao Norte, virei contra vento de 50km/h e consegui subir até 6000m altitude bem mais confortável.



Batizamos o cão local de Onda !  Ele apareceu poucos dias atrás, e estava sem nome


Um aparte, que vale a pena voar até uns 6000m pois acima disso o vento sobe de 50/60km/h para 90km/h a 7500m o que reduz muito a velocidade do vôo, pois temos que perder mais energia para vencer a maior velocidade do vento.



Regras para voar, afixados pela ANAC na sala de embarque de Chosmalal


Continuando no vôo , resolvi voltar para a onda secundária bem antes da cordilheira do vento, ou seja com vento de cauda a Velocidade sobre o solo chegou a 250km/h, e consegui rapidamente conectar nos rotores da onda secundária a 50km ao sul do início da cdv (cordilheira del viento), mais ou menos alinhada a ela. Queria dar uma ultima “passadinha” no Domuyo para depois pousar, estava com frio, pois o sol das 18 já não esquena muito, e na altitude média de 5000m a temperatura é -10 graus , Apesar das várias camadas de roupa, senti tanto frio que comecei a bater os dentes.



Lenticular que possibilitou uma subida muito forte, 9m/s


E pimba, uma subida animal, havia um lenticular linda e grande, não deu outra, subia muito forte, chegou a dar 9m/s de forma constante (não é fogueira não !). Subi de 4066m a 7400m em 22 minutos , isso porque estava pensando em pousar. 



Fui até o ponto norte, e queria voltar para casa, a temperatura estava menor que -22Celsius, o computador já não acusava nada. Fui para direção da pista, pensando em desviar da grande lenticular, mas haviam outras na direção SE, e quando estava a 3500m (com 2000m de reserva para o pouso), peguei os rotores bem violentos. Com a forte e desconfortável turbulência, aproei novamente o vento, para retornar no ar mais calmo. Estava tão forte a ascendente que em 13 minutos subi 3000m, isso porque não queria subir, percorri apenas 16km durante este trecho. Aproei o W, para descer novamente vagarosamente longe dos rotores, e aproei a pista quando estava somente a 5500m .   Importante salientar, que evitei subir muito rápido, pois o  esfriamento muito rápido tampouco faz bem ao planador, no pouso o mesmo, descer devagar dos 5000m, para evitar o choque térmico em excesso.


La embaixo o vento estava relativamente calmo para Chos Malal uns 50km/h, aproximação tranqüila, e pouso. Pelo computador de vôo voei 808km, em 7h:50 , com apenas 10min de motor no início. Foi um bom aprendizado

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